Como bem lembrou Beto Studart, no discurso que pronunciou ao receber, quinta-feira, 20, o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará, a economia cearense teve, na área industrial, três pioneiros, visionários, que lhe deram as bases para tornar-se um polo industrial em franco e acelerado desenvolvimento – e a usina siderúrgica da ArcelorMittal no Pecém é só um destacado exemplo.
Os pioneiros foram José Dias de Macedo, Edson Queiroz e Ivens Dias Branco, exatamente nesta ordem.
O primeiro construiu, no porto do Mucuripe, o moinho que inseriu o Ceará na área da produção da farinha de trigo, tornando a indústria cearense de panificação livre da antiga dependência de moinhos de outros estados.
Edson Queiroz, seguindo as pegadas de José Macedo, avançou na área industrial, criando a primeira empresa cearense distribuidora de gás de cozinha e implantando a primeira unidade moderna da indústria metalúrgica do Ceará, a Esmaltec, que hoje fabrica e exporta os produtos da chamada linha branca – fogões e refrigeradores, principalmente.
Ivens Dias Branco, na mesma trilha de Macedo e Queiroz, inovou na industrialização do Ceará. O que seu pai, o imigrante português Manoel Dias Branco, começou com uma padaria no sertão cearense, Ivens – dono de uma inteligência ímpar – transformou-o num portento: com fábricas no Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul – sua empresa, a M. Dias Branco, é hoje a líder do mercado brasileiro de massas e biscoitos.
O que fizeram José Macedo, Edson Queiroz e Ivens Dias Branco tem servido de modelo para as novas gerações empresariais da indústria e, principalmente, da agropecuária. Seus filhos deram sequência e alargaram as atividades e a própria geografia de atuação de suas empresas.
Mirando-se no exemplo desse trio genial de empreendedores, outros cearenses, vocacionados para a o mundo dos negócios, constroem o futuro da economia estadual, cuidando com atenção do processo de sucessão.
A seguir, alguns exemplos:
Os filhos de Deusmar Queirós, fundador da rede de farmácias Pague Menos, assumiram o comando da empresa, que tem mais de 2 mil lojas em todos os estados brasileiros;
Aline Ferreira, filha do fundador da Aço Cearense, comanda, com o pai, a expansão da companhia, uma das maiores produtoras de aços planos do país;
Aline Telles, filha de Everardo Telles, toca os negócios do Grupo Telles, que vai da agroindústria à geração de energias renováveis;
Tom Prado, filho de Carlos Prado, fundador da Itaueira e da Cemag, é o CEO do Grupo Itaueira, que tem foco na fruticultura no Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Bahia;
Bruno e David Girão, filhos de Luiz Girão, fundador do Grupo Betânia Lácteos, lideram a Alvoar, líder do mercado de lacticínios da região Nordeste e uma das quatro maiores do país.
A lista prossegue: Marden Vasconcelos, filho de Everardo Vasconcelos, fundador da Tijuca Alimentos, assumiu a direção dos negócios do grupo, que produz ovos, frango de corte, queijo de coalho e ainda frutas, hortaliças e eucaliptos;
Antônio Melo Júnior, filho de Antônio Melo, fundador do Grupo Normatel, está ocupando funções estratégicas para, no curto prazo, assumir a chefia da empresa.
Está mais do que provado que o melhor do Ceará é o cearense – e os exemplos acima citados o constatam.
Outros grupos empresariais familiares do Ceará já cuidaram de sua sucessão.
O Grupo C. Rolim é um bom exemplo: os filhos do fundador, Clóvis Rolim, outro iluminado, assumiram o comando do conglomerado – são empresas que prosperam, cada uma das quais com CNPJ e sócios distintos, como recomenda o manual da boa gestão.