Está desenhado o futuro próximo da horticultura do Ceará: ela se desenvolverá sob cultivo protegido, e tanto pode ser sob estufas quanto sob telas, sendo que estas, além de custos mais baixos de construção e manutenção, têm muito mais virtudes do que aquelas e podem abrigar multiculturas no mesmo espaço. Em resumo, foi o que disse ontem, durante 40 minutos de palestra, o agrônomo Aliomar Albuquerque Feitosa, um especialista em cultura protegida, que falou sobre o assunto para 50 empresários e técnicos no workshop que abriu, na manhã desta quarta-feira, a sexta edição do Água Innovation.
Feitosa, ouvido atentamente pelo auditório que se reuniu na cobertura do edifício da Casa da Indústria, sede da Fiec, mostrou, com ilustrações, que o método telado de proteger o cultivo de hortaliças tem mais vantagens do que o que utiliza estufas, pois, para começar, atende às demandas do pequeno, do médio e do grande produtor.
“Na Ibiapaba, temos casos de áreas teladas que já duram 30 anos. No cultivo protegido por telas, a luminosidade, a temperatura, a umidade relativa do ar e a velocidade do vento são mais bem controladas, o que contribui para o aumento da produção e da produtividade”, disse Aliomar Feitosa, que citou um detalhe importante: “Na área telada, o consumo de água é também muito menor”.
Ele disse que o município de Guaraciaba do Norte, na Chapada da Ibiapaba, cujo prefeito estava presente ao evento, tem hoje a maior área brasileira de cultivo protegido com telas. Mas, por enquanto – e esta é uma observação da coluna – os pequenos produtores e, também, as grandes empresas, como a Trebeschi, a Reijers e a Itaueira, usam estufas para proteger o desenvolvimento de suas culturas de tomates, flores e pimentões coloridos.
Durante o workshop, foram apresentados três casos de sucesso na área de culturas protegidas. A primeira foi o da Fazenda Santo Expedito, do casal Theodoro Swart e Lucivanda Fernandes, implantada em crescimento na área rural de Ubajara.
A fazenda tem 54 hectares de área, oito dos quais são ocupados por estufas, sob as quais eles e mais 114 colaboradores, produzem rosas de diferentes cores. A produção, que começou em 2004, já chega hoje a 8 milhões de hastes, 20% das quais são comercializadas no mercado nordestino e os 80% restantes são transportadas para Alhambra (SP), onde são vendidas.
De acordo com Lucivanda Fernandes, sua Fazenda Santo Expedito tem “permanente compromisso com o meio ambiente”, razão por que faz um rígido controle biológico. Eles usam carros elétricos para a locomoção interna; geram sua própria energia solar fotovoltaica, sendo por isto mesmo autossuficientes; reciclam todo os papeis que são utilizados; produzem 200 toneladas/ano de composto orgânico; e têm vários reservatórios que colhem água da chuva para a irrigação das plantas.
O segundo caso foi o da Rosas Reijers, que produz 72 milhões anuais de hastes de flores e rosas em São Benedito com a mão de obra de 700 colabores. Sua área de cultura protegida é de quase 80 hectares.
O terceiro caso de sucesso foi o da mineira Trebeschi, maior produtora de tomates do país.
Seu sócio majoritário e CEO, Edson Trebheschi, começou explicando por que veio investir no Ceará. Fê-lo a convite de Geraldo Reijers, do qual comprou sua fazenda de Ubajara, onde hoje, em vez de flores, produz tomates e pimentões coloridos, cuja produção é comercializada no Nordeste e no Sudeste do país.
Trebeschi transmitiu uma informação importante: sua fazenda de Ubajara é, também, autossuficiente em energia, produzindo energia solar fotovoltaica que atende à demanda da empresa.
Antes dos três casos de sucesso, Fábio Miranda, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, expôs ao auditório as pesquisas que sua instituição vem realizando na área do cultivo protegido de tomate da variedade “grape”.
Na área sob estufa, são cultivadas 4 mil plantas de tomate, cuja colheita ocorre 54 dias após o plantio.