Inpe, Inmet, Ana e Cenad confirmam: 2024 será ano de seca no Nordeste

No Ceará, desconhecem-se, por enquanto, medidas para o enfrentamento da seca. Uma leitora da coluna pede uma campanha educativa de redução do consumo de água pela população

Uniram-se o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a Agência Nacional de Água e Saneamento Básico (Ana) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), que publicaram ontem um boletim alertando para o agravamento do fenômeno El Niño.  

O documento diz: “Considerando-se a previsão de anomalia de precipitação para o período de 1 mês (de 15 de novembro a 14 de dezembro de 2023), há indicação de condições mais úmidas do que o normal em partes do norte do RS, SC, PR, centro-sul do MS, SP, sul de MG e em parte do norte do PA e no AP. Para as demais regiões do país a previsão indica o predomínio de condições mais secas do que o normal, com destaque para a região amazônica, principalmente, no setor mais central e sul da região”. 
]
E acrescenta: 

“As previsões dos modelos acoplados oceano-atmosfera e dos modelos oceânicos indicam a intensificação do fenômeno El Niño no Pacífico equatorial, com o pico de intensidade ocorrendo entre os meses de dezembro de 2023 e janeiro de 2024. A maioria das previsões indica a continuidade do fenômeno, com intensidade forte nos próximos 3 meses e permanência de El Niño durante o primeiro semestre de 2024. 

“Assim, durante o próximo trimestre, as condições climáticas e meteorológicas no país serão influenciadas por esse fenômeno. A previsão climática para o Brasil para dezembro-janeiro-fevereiro de 2024 indica maior probabilidade de chuva abaixo da faixa normal entre o Centro e Leste da Região Norte e sobre praticamente toda a Região Nordeste do país.

“De setembro para outubro, o Monitor de Secas indicou o avanço e o agravamento da condição de seca no Norte e no Nordeste, com destaque para o surgimento de áreas de seca extrema nos Estados do Amazonas, Acre e Rondônia, e ampliação das áreas de seca fraca, moderada ou grave em praticamente todos os Estados nessas regiões.
 
“(...) No rio São Francisco, o reservatório de Três Marias encontra-se na Faixa de Operação Normal, sem restrições de defluência máxima, e o reservatório de Sobradinho, na Faixa de Operação de Atenção, com defluência mínima média diária de 800 m³/s. Os reservatórios armazenavam, em 19/11/2023, 53,2% e 60,4% de seus volumes úteis, respectivamente. Em novembro de 2023, até o dia 19, as vazões naturais estão em 38% e 44% da MLT do mês, respectivamente, significativamente abaixo dos valores observados em setembro, de 43% e 47%, respectivamente.

“(...) Em função das incertezas decorrentes do El Niño, a ANA preparou um plano de contingência com possíveis ações a serem implementadas à medida que impactos sejam observados. As primeiras medidas previstas neste plano de contingência são a instalação das salas de crise das Regiões Norte e Nordeste, e a continuidade da sala de crise da Região Sul. As salas de crise das Regiões Norte e Nordeste já registraram 7 e 6 reuniões respectivamente.

“(...) Diante das informações detalhadas nos capítulos anteriores, que tratam do impacto e da previsão para os próximos meses, o Cenad vem atuando, em parceria com órgãos do Sistema Federal de Proteção e Defesa Civil, em ações de preparação e resposta para riscos de desastres.”

“Visando a coordenação na fase de resposta entre as diversas agências federais que atuam na temática, o CENAD vem organizando reuniões semanais entre os órgãos, além de agendas temáticas que ocorrem sob demanda. Como se trata de um desastre com múltiplos impactos, trabalha-se com os seguintes eixos temáticos: governança e comunicação, logística, assistência humanitária, incêndios florestais, infraestrutura, monitoramento e alerta, população tradicional e saúde”. 

No plano estadual do Ceará, desconhecem-se, por enquanto, as medidas que serão adotadas em relação à grande possibilidade de seca em 2024.

Fátima Carvalho, aposentada do Banco do Brasil e leitora desta coluna, transmitiu mensagem, advertindo que o governo do estado deveria iniciar agora uma campanha educativa para a redução do consumo de água pela população cearense.