Haddad e Campos Neto alinham-se, o mercado gosta e B3 sobe

Mas o presidente Lula segue mandando recados diretos ao presidente do Banco Central. Ontem, ele disse que o BC deve ser autônomo, não independente.

Ontem, foi um dia ruim para as bolsas norte-americanas e bom para a Bolsa brasileira B3, que fechou em alta de 0,31%, aos 109.941 pontos, enquanto o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,21, com alta de 0,16%.

Nos Estados Unidos, o que derrubou as bolsas foram os novos números da economia norte-americana, que segue bombando. O índice de preços ao produtor subiu 0,7%, mais do que os 0,4% esperado pelo mercado. E o número de pedidos do seguro-desemprego veio abaixo do que o previsto.

Isto é um sinal de que o Federal Reserve seguirá aumentando da taxa de juros da economia do país. Por esta razão, subiram os juros pagos pelos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, e isto provocou a alta do dólar nos mercados emergentes.

Aqui no Brasil, a Bolsa B3 operou na contramão de suas congêneres norte-americanas, mas o motivo que causou a leve alta do pregão de ontem foram os fatos da política. O mercado entendeu que melhorou a relação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em torno de um tema puxado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva: a revisão da meta de inflação e a independência do Banco Central.

Ontem, Lula voltou a dizer que o BC deve ser autônomo, não independente. O presidente mandou um recado direto a Roberto Campos Neto, dizendo que o presidente do Banco Central “tem que saber que neste país, a gente tem que governar para as pessoas que mais necessitam”.

O mercado, porém, entendeu e entende que essas frases do presidente Lula fazem parte de sua estratégia política, pois são dirigidas aos seus apoiadores.

E ontem, também, houve a primeira reunião do ano do Conselho Monetário Nacional, mas de sua pauta não constou a revisão da meta de inflação. A reunião foi burocrática.

Foram divulgados ontem novos balanços financeiros relativos ao quarto trimestre do ano passado. O da Vale registrou um lucro de R$ 3,74 bilhões, maior do que os 2,9 bilhões que o mercado esperava. No ano de 2022, a Vele teve lucro de R$ 16,8 bilhões.

E a rede de lojas Renner apurou, no quarto trimestre do ano passado, lucro de R$ 481,8 milhões, 16% maior do que o lucro do mesmo período de 2021. O lucro da Renner durante o ano de 2022 foi de R$ 884,5 milhões, bem acima do previsto pelo mercado.