Alô, presidente Lula! Alô, governador Elmano Freitas! Os Estados Unidos e a Europa estão subsidiando a produção de Hidrogênio Verde. Por quê?
Resposta: Porque, para ser verde, o Hidrogênio tem de ser produzido com o uso de energias renováveis – solar e eólica, principalmente. Nos EUA isso é possível a um alto custo; na Europa, esse custo é mais elevado, ainda.
Conclusão: países como o Brasil têm condição de produzir o H2V a um custo várias vezes mais barato do que os EUA e a Europa. E o estado do Ceará, que já em contratos assinados com grandes empresas estrangeiras para a produção do Hidrogênio Verde, tem geografia e natureza disponíveis para isso.
O engenheiro José Carlos Braga, um especialista em energias renováveis, uma das fontes da coluna para este assunto, opina sobre o assunto:
“Hoje, por menor que seja o custo de produção do H2V em qualquer lugar do planeta, sua viabilidade em relação a combustíveis fósseis somente ocorrerá na medida em que os países do Atlântico Norte e a China subsidiem os fabricantes até a demanda atingir o ‘break even’” (empatar o capital investido).
Ele informa que, nos EUA, o governo Biden está pagando cerca de US$ 3 por litro de H2V produzido internamente, “o que inviabiliza qualquer exportação do estrangeiro pra lá, a menos que a demanda se eleve exponencialmente a partir de 2030, e há previsões nessa direção”.
De acordo com Braga, a Alemanha, a França e a Inglaterra, na Europa, já estão subsidiando o H2V importado pois não conseguem nem conseguirão produzir energia renovável em grande escala para a produção do novo combustível da matriz energética mundial que é o Hidrogênio Verde, “o petróleo do século XXI”.
Na opinião de José Carlos Braga, o Brasil, particularmente o Nordeste e, especificamente, o Ceará, têm a chance de ser os grandes fornecedores do H2V, “e para isso insisto na necessidade urgente da regulamentação do setor em níveis federal e estadual, bem como da atração de ‘offtakers’ (compradores) que negociem no mercado futuro de médio e longo prazos o Hidrogênio Verde a ser produzido no Pecém, por exemplo, já a partir de 2027”.
O engenheiro resume assim sua opinião:
“Neste segmento haveremos de ajoelhar e rezar na moderna cartilha do mercado onde ’preço é que faz o custo’, e não o inverso, caso contrário perderemos essa preciosa oportunidade de decolar rumo a um futuro promissor.”