Na véspera da abertura do Fiec Summit 2023 Hidrogênio Verde, um seminário de nível mundial que debaterá sobre a cadeia produtiva do H2V e que será realizado amanhã, quarta-feira, e depois, no Centro de Eventos do Ceará, a Petrobras transmite a esta coluna uma informação que tem tudo a ver com o tema central do evento promovido pela Federação das Indústrias e que é a seguinte:
A estatal iniciou uma nova sequência de medições de energia eólica no litoral do Rio Grande do Norte (RN), com a versão 2.0 do equipamento batizado de Bravo - Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore, um aprimoramento da tecnologia inédita no Brasil desenvolvido pelo seu Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes).
Fruto da parceria com os Institutos Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e os Sistemas Embarcados (ISI-SE), o projeto é mais um passo relevante em direção à transição energética, informa a Petrobras, acrescentando: o total investido na tecnologia chega a R$ 11,3 milhões por meio do incentivo em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica.
A Petrobras já anunciou sua intenção de produzir energia eólica offshore (dentro do mar) e é para isto que ela começou a pesquisar a força e a direção dos ventos dentro do mar do vizinho Rio Grande do Norte. Uma providência correta e inserida no contexto das preocupações planetárias em relação à descarbonização do mundo.
Mas esta é só mais uma importante e positiva notícias que tratam do interesse mundial pela produção da já chamada energia do futuro – um futuro que já chegou – o Hidrogênio Verde. Ora, o Hidrogênio só será Verde se produzido por energia renováveis, como a eólica onshore (em terra firme) e offshore (dentro do mar), a solar fotovoltaica, a hidráulica ou a biomassa.
E tudo isso o Brasil tem de sobra — e o Ceará mais ainda. Mas há um impasse que perdura por absoluta inapetência das autoridades do Ministério das Minas e Energias e, também, devemos acrescentar, do Congresso Nacional, que já deveriam ter adiantado esse serviço.
E o serviço que falta adiantar é o da regulação da geração de energia offshore. A iniciativa privada, com sua tradicional competência, já elaborou e encaminhou à análise do Ibama mais de 80 projetos de geração energia eólica dentro do mar – e uma boa parte desses projetos localiza-se no litoral do Ceará e neles será investida uma montanha de dinheiro do tamanho de R$ 100 bilhões.
O vizinho Piauí anunciou, há uma semana, que empresários croatas da Green Energy Park investirão R$ 50 bilhões na implantação de uma usina de produção do Hidrogênio Verde no estreito litoral piauiense.
Aqui no Ceará, a gigante australiana Fortescue está prontinha para começar a construir sua unidade industrial de produção do H2V no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
A também gigante brasileira Casa dos Ventos, cujo capital é controlado pelo empresário cearense Mário Araripe, também mantém essa prontidão, e faz alguns meses.
Para a instalação de suas indústrias, a Fortescue e a Casa dos Ventos já têm terrenos na geografia da Zona de Processamento para Exportação, a ZPE do Ceará, e ambas já têm assegurada a energia renovável com a qual produzirão o Hidrogênio Verde – solar fotovoltaica e eólica onshore. Então, porque as coisas não acontecem, não avançam?
Lamentavelmente, a resposta é a mesma de há cinco séculos: porque o governo da União e suas repartições, que deveriam tornar fácil os investimentos privados, não faz o que lhe cabe. E o que cabe ao governo é, apenas, regular a atividade de geração de energia renovável dentro do mar. Sem essa regulação, o Ibama está impedido de emitir a necessária Licença Ambiental.
Resumindo: investir no Brasil é tarefa para abnegados, como os australianos da Fortescue e os brasileiros da Casa dos Ventos.
Amanhã, quarta-feira, 25, quando for aberto o Fiec Summit 2023 Hidrogênio Verde, estas e outras questão serão mais detalhadamente examinadas e debatidas. Amanhã e depois, Fortaleza voltará a ser a capital do H2V.