Faec e produtores rurais dão grito de presença em Quixeramobim

É o primeiro de uma série de grandes reuniões que a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará promoverá nas diferentes regiões do estado. O setor ganha musculatura política

Hoje, sábado, 6, a partir das 8 horas, em um ginásio coberto da cidade de Quixeramobim, a Federação da Agricultura do Ceará (Faec), reunirá mais de 1.500 produtores rurais do Sertão Central no primeiro de uma série de encontros regionais cujo objetivo – para além do debate sobre questões centrais da agropecuária cearense – é o de promover a união de quem produz e trabalha no campo. 

“Somos muitos, mas só seremos fortes se unidos estivermos”, tem dito e repetido o presidente da Faec, o ovinocultor Amílcar Silveira. 

Ele está no comando da entidade há pouco mais de um ano, mas, ao longo desse curto espaço de tempo, deu-lhe vida social e musculatura política, tornando-a conhecida do universo empresarial cearense e, principalmente, do governo estadual.
 
A Faec de hoje é outra totalmente diferente da que existia há dois anos, mas isto não é demérito de seu comando pretérito, mas virtude de sua nova liderança, que compreende o seu papel agregador e representativo de todo o imenso conjunto de homens e mulheres que, nos diferentes segmentos da atividade primária da economia do Ceará, decidiram dar-se as mãos e superar antigas divergências em benefício de um só objetivo – tornar o agropecuarista alguém tão ou mais importante do que quem produz na indústria, no comércio ou no serviço. 

O I Encontro de Produtores Rurais do Sertão Central que neste sábado acontece na acolhedora Quixeramobim – sede da maior bacia leiteira do Ceará – deve ser visto como o primeiro grito de presença de um setor que, na história da economia cearense, sempre esteve a reboque de outros setores, existindo apenas para compor as estatísticas. Isso mudou.

Exemplo: para o IBGE, o agro representa apenas pouco mais de 6% do Produto Interno Bruto do Ceará. Para o Centro de Inteligência do Agronegócio da Faec, todavia, o agro cearense responde por 19% do PIB do estado. 

É que as estatísticas do novíssimo organismo de Tecnologia da Informação da Faec passaram a contabilizar a performance de todos os segmentos da agroindústria do Ceará. 

Assim, a produção, o beneficiamento e a comercialização dos produtos lácteos – que sempre foram contados pelo IBGE e pelo Ipece (o organismo de pesquisas da Secretaria do Planejamento e Gestão do governo estadual) a favor, unicamente, da indústria, estão agora sendo listados, também, como percentuais da atividade agroindustrial. Eis a diferença. Eis a mudança.

No Brasil, a indústria sempre deu as cartas; sempre liderou as estatísticas que compõem o PIB nacional. De uns anos para cá, a agropecuária e a agroindústria passaram à frente e hoje garantem o superávit da balança comercial do país. 

No Ceará, esse câmbio começa a acontecer. E em ritmo bem mais acelerado do que o previsto. Pelo que revela a estatística do Centro de Inteligência do Agronegócio da Faec, o agro cearense é responsável, mesmo, por 19% do PIB estadual, e isto deve ser saudado por todo o setor produtivo e, principalmente, pelas autoridades do Palácio da Abolição. 

Os produtos lácteos originam-se do leite, uma matéria prima da pecuária bovina; as proteínas – carne de boi, de frango, de suíno, de aves – são produzidas, também, pela pecuária; as frutas, as verduras, os legumes, os grãos e as fibras são, igualmente, cultivados nas fazendas agrícolas; o trigo, que dá a bolacha, o biscoito, o macarrão e o pão de cada dia, é outra estrela de primeira grandeza do agronegócio.  

Tudo isso junto e misturado dá ao agro a força que ele agora tem no Ceará.

Refletindo sobre o I Encontro de Produtores Rurais do Sertão Central do Ceará, que nesta data se realiza em Quixeramobim, é fácil concluir que os agropecuaristas do Ceará palmilham um novo caminho que expõe, em primeiro lugar, sua importância na economia do estado.

Em segundo lugar, exibe sua força política; em terceiro lugar, o prestígio da liderança de sua entidade – a Faec – que não é mais aquela ação entre amigos, porém um núcleo vivo da sociedade que conquistou seu espaço e angariou o respeito do mundo empresarial cearense.