Ontem, quarta-feira, 18, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou em alta de 0,71%, aos 112.228 pontos, enquanto o dólar subiu 1,12%, fechando cotado a R$ 5,16. Ao longo do dia, a bolsa chegou a subir 1,68% operando diferentemente de suas congêneres norte-americanas, que ontem tiveram uma queda forte. Por exemplo: o Índice Dow Jones encerrou o dia com perda de 1,81%.
Lá nos EUA, as vendas do varejo, no último mês de dezembro, caíram 1,1% em relação a novembro, e isto causou a queda das ações e dos juros futuros, pois o mercado acredita que o Federal Reserve, o Banco Central norte-americano, usará um espaço de tempo menor na sua atual política de juros altos.
No front interno brasileiro, influiu no pregão da B3 a decisão do presidente Lula de criar um Grupo de Trabalho para estudar o que ele chamou de política de valorização constante do salário-mínimo.
Lula reuniu-se com dirigentes das Centrais Sindicais, para os quais disse que o valor do salário-mínimo deve ser fixado de acordo com o aumento do PIB. “Subiu o PIB, subiu o salário-mínimo na mesma proporção”, afirmou o presidente. Lula disse, ainda, que “não adianta o PIB crescer, se ele não for distribuído”.
O Grupo de Trabalho terá 45 dias para apresentar relatório sobre o valor do salário-mínimo, mas esse prazo poderá ser prorrogado por mais 45 dias, ou seja, provavelmente só no dia primeiro de maio, Dia do Trabalhador, é que esta questão será definitivamente resolvida e anunciada.
Por enquanto, está valendo o salário-mínimo de R$ 1.302 fixado por Medida Provisória assinada pelo então presidente Jair Bolsonaro. Durante o governo de transição, ficou acordado que o novo salário mínimo teria valor aumentado para R$ 1.320, mas o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, preocupado com o rombo orçamentário de R$ 23l bilhões neste ano, está preferindo manter os R$ 1.302, uma vez que, para pagar o valor proposta pela transição, o orçamento federal só prevê R$ 6,8 bilhões, que são insuficientes.
Ontem, subiram outra vez as ações das empresas que exportam minérios. A causa foram mais notícias procedentes da China que apontam para o reaquecimento da economia do país, o que, naturalmente, incrementará a venda de commodities minerais. Assim, os papeis da CSN e da Vale, que é a maior exportadora de minério de ferro para a China, subiram.
As ações da Petrobras caíram, mas essa queda, pequena, foi causada pela informação de que o governo está mesmo disposto a mudar a Lei das Estatais, que, entre outras coisas, prevê a redução do prazo de quarentena para que políticos ou ligados a partidos políticos possam ocupar postos de direção nas empresas públicas. Isto abre boas perspectivas para as lideranças dos partidos que dão sustentação ao governo no Congresso Nacional, mas é uma ideia rejeitada pelo mercado que vê nela uma interferência política do governo nas estatais, que devem ser dirigidas por profissionais de cada área de atuação, selecionados no mercado de trabalho.
Ontem, um fato novo surgiu no mercado financeiro: as ações dos bancos, que vinham caindo nos pregões da Bolsa B3, subiram, e a causa foi a decisão da Justiça do Rio de Janeiro, que atendeu pedido do Banco BTG Pactual e reteve R$ 1,2 bilhão das contas da Americanas sob sua custódia.
Um pouco antes, o Bradesco obtivera da Justiça uma medida semelhante - a retenção de R$ 450 milhões nas contas da empresa sob custódia do próprio banco.
A situação financeira da Americanas piora à medida que o tempo passa. Em um comunicado distribuído à imprensa e ao mercado, a Americanas diz:
“A companhia segue na busca por uma solução de curto prazo com os seus credores, para manter seu compromisso. A Americanas espera que os credores também se comprometam na busca de soluções”.
No mercado financeiro, há uma certeza: a Americanas terá de recorrer à Recuperação Judicial, e isto poderá acontecer ainda nesta semana ou, no mais tardar, na próxima.
Há, ainda, outra certeza: todos perderão, razão pela qual o esforço dos credores, principalmente os bancos, será no sentido de reduzir ao mínimo essas perdas.
Em sua edição de hoje, a Folha de São Paulo, revela que o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, o BNDES, o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste também são credores da Americanas. O total desses créditos é superior a R$ 6 bilhões.
Em dezembro de 2013, o BNB emprestou à Americanas R$ 165,9 milhões, e esse empréstimo não foi quitado.