Subiram, e subiram muito, os custos de implantação de projetos de geração de energia eólica offshore (dentro do mar).
É o que revela a agência de notícias Bloomberg, especializada em economia, que, ontem, segunda-feira, 24, anunciou, em seu site brasileiro Bloomberg Línea, que grandes empresas europeias de energia estão suspendendo projetos de geração eólica offshore (dentro do mar) na Europa e nos EUA por causa, exatamente, dos altos custos das matérias-primas utilizadas na fabricação dos equipamentos – torres, naceles, turbinas e pás.
Segundo a Bloomberg, a espanhola Iberdrola concordou em cancelar um contrato para vender energia de um parque eólico no litoral de Massachusetts (EUA).
Por sua vez, a dinamarquesa Orsted perdeu uma licitação para fornecer energia eólica offshore para a Rhode Island (EUA) porque os custos crescentes tornaram a proposta muito cara.
E a sueca Vattenfall descartou a construção de um parque eólico na costa da Gran Bretanha, alegando a inflação das matérias-primas.
É com energia produzida dentro do mar que o Ceará também conta para abastecer as unidades industriais do futuro Hub do Hidrogênio Verde do Pecém.
Assim, diante do que revela a Bloomberg, fica a impressão de que as energias renováveis produzidas no continente é que garantirão esse abastecimento.
A matéria do site da Bloomberg Línea diz:
“Os custos crescentes estão inviabilizando os projetos eólicos offshore, mesmo com o aumento da demanda por energia renovável. O calor extremo causado pela mudança climática está sobrecarregando as redes elétricas em todo o mundo, ressaltando a necessidade de mais geração de energia e aumentando a urgência dos apelos por uma transição mais rápida para longe dos combustíveis fósseis”.
O que essas notícias indicam para o Brasil? A primeira indicação é de que o custo de produzir energia eólica onshore (em terra firme) é e continuará sendo bem mais barato, mesmo porque ainda há muito banco de vento a ser explorado no continente, principalmente na região Nordeste.
Um exame mais demorado indicará, também, que o projeto de uma usina eólica no oceano consumirá, no mínimo, dois anos só para a obtenção do licenciamento ambiental pelo Ibama, e isto é um custo a mais.
Sobre o assunto, o último boletim semanal editado e encaminhado aos seus clientes pela Casa dos Ventos – maior desenvolvedora de projetos de energias renováveis do país, liderada pelo empresário cearense Mário Araripe – traz algumas informações importantes.
Primeira: “Estamos no melhor nível de reservatório dos últimos 15 anos, o que propicia uma melhora estrutural e uma redução da aversão ao risco do mercado. Entretanto, tendências estruturais que impactam a relação oferta e demanda, como preço das commodities, a descarbonização e a eletrificação, redução da capacidade de regularização do sistema e alterações na formação de preço no sentido de melhor representar as restrições operativas com uma maior aversão ao risco são condições que propiciam a contratação de parte da energia pelos consumidores”.
Segunda: “Os preços de 2023 permanecem em níveis baixos em razão da condição estrutural favorável do sistema, reservatórios elevados e sobre oferta, o que mantêm os valores do PLD no piso regulatório em julho. Já os preços de 2024 a 2027, principalmente da energia incentivada, voltaram a aumentar em razão da maior demanda para esse produto.”
Terceira: “O mês de junho registrou um padrão consistente de anomalias negativas de precipitação em quase todo o território brasileiro, sendo um dos sinais da influência do fenômeno El Niño. Somente as bacias da região Sul do Brasil registraram chuvas dentro da climatologia esperada para o período. O déficit de precipitação persiste ao longo de julho nas regiões Centro-Oeste, Norte e em grande parte do Sudeste e Nordeste, com ausência de formação de nuvens. Para a região Sul do país espera-se um regime de precipitação acima da climatologia para o mês. Além disso, as previsões indicam a permanência do El Niño durante o inverno no Hemisfério Sul. Em relação à média mensal de vento, verificou-se velocidades acima da climatologia no mês de junho nos estados do Maranhão e Piauí e abaixo na Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Na Bahia e no Rio Grande do Norte os valores verificados ficaram próximos da climatologia para o mês. Nos próximos 15 dias, espera-se ventos mais intensos em grande parte do Nordeste, com destaque para a região litorânea. Nota-se um padrão de alternância dos sinais de anomalias no litoral baiano e no estado do Ceará.”