Energia solar no Projeto S. Francisco é inviável, diz engenheiro

José Carlos Braga, especialista em energias renováveis, afirma que durante 8 anos o antigo Ministério da Integração Nacional estudou o assunto e decidiu que o projeto é impraticável.

Para o engenheiro José Carlos Braga, especialista em energias renováveis, a ideia do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) de implantar um parque de geração de energia eólica ao longo dos canais Norte e Leste do Projeto São Francisco de Integração de Bacias “é absolutamente inviável”.

Falando a esta coluna sobre informações que nesta terça-feira circulam nas redes sociais dando conta de que o MDR pretende instalar painéis solares fotovoltaicos para a produção ali de energia, Braga lamentou a divulgação do que chamou de “uma vergonha, pois tudo isso não passa de irresponsáveis fake news”.

Ele transmitiu mensagem a esta coluna, na qual declara: 

“Veiculam-se de forma recorrente nas redes sociais, e ultimamente tem-se intensificado sobremaneira, mentiras a respeito da geração de energia fotovoltaica através do espelhamento dos dois eixos do PISF (Projeto de Integração do São Francisco), como solução para alimentar o projeto de energia renovável.

“Estudos sobre este assunto foram iniciados há cerca de oito anos por especialistas dentro do antigo MI (Ministério da Integração Nacional), nos quais eu me incluo, concluindo-se pela sua imprestável aplicabilidade devido a inúmeros motivos, inclusive perdas (excessiva impedância) de transmissão inerentes, CAPEX e OPEX inoportunos, conexões inexequíveis, notadamente em se tratando de alta potência concentrada em obras lineares como o PISF, ou seja, um blefe requentado e maldoso.”

José Carlos Braga, que neste momento está envolvido em um projeto de geração de energia solar na Região do Jaguaribe, prossegue:

“Isso certamente aparece, de forma recorrente, por questões ideológicas, falta de conhecimento e/ou bom senso de quem cria e espalha ‘fake news’ e que certamente não tem origem no corpo técnico do MDR, pois já sabem que não funciona.

“Conforme já venho falando há anos, o nosso Projeto Mandacaru, bem diferente dessa ideia primária de espelhamento do canal, foi apresentado ao vice-presidente Hamilton Mourão em abril de 2019 e a secretários e ministros do atual governo ao longo do tempo, isentando o poder público do ônus de subsídios à transposição, há de vingar e brilhar num próximo governo, posto que o atual não teve a sensibilidade socioeconômica em promover sua alavancagem, e não foi por falta de aviso ou demonstração, pois temos tudo devidamente catalogado e testemunhado.

“Resumindo: a solução para o PISF não se tornar um 'Elefante Branco' muito brevemente, remete a uma "Plataforma de Compensação" como a utilizada em transposições semelhantes ao do Rio Colorado, nos Estados Unidos.” 

Braga ainda lembrou que as fotos de painéis fotovoltaicos sobre um canal semelhante ao do Projeto São Francisco, publicados nas redes sociais, são de um empreendimento em execução na Índia.