Em 1961, o Ceará não tinha futuro; hoje já vive no futuro, diz Prado

Carlos Prado, 1º vice-presidente da Fiec, contou a história da água no Ceará aos participantes do Água Innovation. A tecnologia fez deste estado um polo de desenvolvimento agrícola, usando menos água.

Primeiro vice-presidente da Fiec, fundador da Ceará Máquinas Agrícolas (Cemag), cujos produtos são negociados no Brasil todo, e da Itaueira Agropecuária, que produz melão, melancia, uva, suco de frutas´, mel de abelha e camarão no Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia, o empresário Carlos Prado foi mais uma vez duro na crítica, realista no diagnóstico e objetivo na indicação da terapia adequada. 

Ao falar por apenas 10 minutos no Água Innovation, seminário internacional encerrado ontem, que juntou na Fiec especialistas em culturas protegias e no uso eficiente da água, Prado contou, resumidamente, a história dos recursos hídricos no Ceará, que, até 1961, quando Juscelino Kubitschek inaugurou o açude Orós, “era um estado sem futuro”. 

Na seca de 1993, lembrou ele, diante da ameaça de faltar água para o abastecimento de Fortaleza, o governo do Ceará construiu e inaugurou, em apenas 90 dias, o Canal do Trabalhador, uma obra que atraiu para cá as maiores máquinas e tratores da construção pesada do país. 

Foi algo tão surpreendente que a Nasa, ao analisar as fotos de satélite capturadas sobre o Ceará naquela época, quis saber do que se tratava. Este colunista foi testemunha desse empreendimento, desde sua concepção até o evento de sua inauguração. 

Em 2003, ou seja, 42 anos depois do Orós, os cearenses inauguramos o açude Castanhão, um oceano de água doce com extraordinário volume de 6,5 bilhões de metros cúbicos. 

Um ano depois, em 2004, esse gigante da engenharia brasileira de barragens verteu pela primeira e última vez, até agora.

Mais recentemente, em 2012, o governo estadual cearense construiu o Eixão das Águas, que reforçou o sistema de abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza. 

Depois de tantas intervenções estatais na área dos recursos hídricos do estado, diante do que está por vir, como a construção do Ramal do Salgado, que reduzirá em 100 Km a viagem das águas do rio São Francisco até o Castanhão, e sentindo mais próxima a implantação do Hub do Hidrogênio Verde no Pecém, Carlos Prado não teve nenhuma dúvida ao proclamar, ao encerrar sua fala:

“Enxergo um futuro espetacular para o Ceará. O futuro é aqui”.

Foi aplaudido por um auditório cheio de homens e mulheres muito interessados em conhecer esse futuro que já está presente na vida dos cearenses que usam a água para produzir, pela irrigação, e para alimentar e dessedentar seus rebanhos bovinos, equinos, caprinos e ovinos. Esse futuro é tecnológico. 

Entusiasmado com o que acabara de ouvir, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), Amílcar Silveira, falou durante três minutos, e encerrou seu discurso dizendo que a previsão de Carlos Prado será viabilizada em curto prazo, porque o Ceará tem algo que os outros estados não têm: "O cearense!"

O Água Innovation foi, quarta e quinta-feiras desta semana, uma grande sala de aula em que professores brasileiros e estrangeiros transmitiram ensinamentos sobre como produzir mais com menos água e menos área. E só com defensivos orgânicos, que são os utilizados nas culturas protegidas de hortaliças, como as já existentes na zona rural dos municípios da Serra da Ibiapaba, cuja área produtiva sob estufas e telas ultrapassa os 350 hectares, e crescendo em alta velocidade.

O que disse Carlos Prato entusiasmou o mineiro Edson Trebenschi, maior produtor de tomates do Brasil, que tem fazenda de produção em Ubajara, onde também produz pimentões coloridos, como sua concorrente Itaueira, que está alguns quilômetros acima, em São Benedito. 

Mirando-se nos seus colegas que produzem frutas, legumes, verduras e flores em diferentes regiões do Estado, Trebeschi – um apaixonado pela cultura protegida – vai conhecer o Cariri e a Chapada do Apodi, onde o clima e o solo também são propícios para as atividades de sua empresa.  Ele vê aí possibilidade de investimento.

Fábio Regis, maior plantador de bananas do Ceará, também presente ao Água Innobvation, confirmou à coluna que dá os primeiros passos para investir na cultura protegida, mas para produzir hortaliças, como Trebheschi e Itaueira.

Carlos Matos, que criou e coordena, anualmente, o Água Innovation, exibia ontem, no encerramento do seminário, um sorriso de felicidade. 

Foram ele, quando secretário da Agricultura Irrigada, e sua ousadia e seu conhecimento sobre a potencialidade agrícola do Ceará que desenharam, desenvolveram e implantaram o sonho de fazer do Ceará o que hoje é real: um polo agrícola e pecuário que, usando a melhor tecnologia, produz desde o melão consumido pelos europeus e os pimentões e os tomates vendidos também nos supermercados do Sudeste, até rosas, cacau, pitaia, avocado, soja, algodão, plantas ornamentais e muito mais.