Com a graça de Deus, vocacionado para esta maravilhosa e cada vez mais desafiadora profissão, à qual está dedicado há 68 anos, este colunista chega hoje aos 81 e, com a natural e obrigatória curiosidade de repórter, revisita o passado, examina o presente, põe um olhar na Inteligência Artificial do futuro que já chegou e que ainda tateia com imprecisões, e conclui que o mundo precisa de um freio de arrumação, agora!
Deixemos de lado a rapidíssima revolução dos costumes, que é tema para longa dissertação acadêmica. Foquemos o avanço da tecnologia, onde se registra, a um só tempo, a mais encantadora e assustadora transformação. Reparem!
Em 1994, este colunista cobriu a Copa do Mundo de Futebol nos EUA usando para isso uma Olivetti Lettera 22, a última e mais avançada tecnologia embarcada numa “máquina de escrever”. Era um artefato pequeno, bem embalado, do qual se servia o dono para exibir suas habilidades de “datilógrafo”, usando apenas os dedos indicadores com a mesma agilidade com que, hoje, “digita” o “notebook”.
Naquela época, e diariamente, as notícias da Seleção brasileira – hospedada na californiana cidade de Los Gatos, na Grande San Francisco, e liderada por Romário – eram elaboradas em 22 laudas de papel, escritas no “espaço dois”, que em seguida transmitidas por “fac-símile” para a redação em Fortaleza através de ligações telefônicas difíceis de serem completadas pelas complicadas e inseguras conexões. Passo seguinte, eram reescritas pelo “linotipista” na “oficina” do jornal. Todo esse processo consumia mais de quatro horas. Desperdício de tempo, produtividade zero.
Dois anos depois, na Olimpíada de Atlanta, em vez da Lettera 22, um computador portátil modelo 386, gigantesco avanço tecnológico para a época. Em 1998, na Copa do Mundo da França, não mais um 386, mas um 486, que, em versão mais atualizada, serviu para a cobertura da Olimpíada de Sidney, na Austrália, no ano 2000, o derradeiro do Século XX.
Hoje, a tecnologia tornou fácil, rápida e mais amena a atividade jornalística no veículo impresso, que virou digital, e, também, na tevê e no rádio. Tudo é instantâneo, o que obriga a permanente atualização do profissional.
O celular contém hoje mais tecnologia do que a que continha a Apolo 11 que levou Neil Armstrong à Lua.
O telefone móvel – além de ser uma agência bancária, uma igreja cristã, uma mesquita muçulmana, uma sinagoga judia, uma escola de ensino fundamental, médio ou superior, um guia de compras, uma sala de concertos, um museu, um shopping center – é, também, teclado para cálculos matemáticos, câmera fotográfica e de televisão, editora de textos e de fotos, teleprompter, enfim, o celular é um centro indispensável de informação para a vida do homem e de sua casa – o planeta Terra. E esse minúsculo equipamento, graças à inteligência humana, é, diariamente, aperfeiçoado, modernizado, atualizado.
Essa inteligência, que é real, parece não ter limites. Parece. A tecnologia, pelo pecado humano, serve para o bem e para o mal, como a internet, e os exemplos pululam, basta um clique para comprová-los.
A expectativa é de que a nova invenção tecnológica – a Inteligência Artificial, já batizada de AI pela sua sigla em inglês – se torne uma ameaça a tudo: à relação cordial entre as pessoas; à boa convivência familiar; à saúde humana e animal; à natureza; à paz entre as nações; à fé dos cristãos, muçulmanos e judeus; à boa educação das crianças e adolescentes; à vida conjugal; à organização das cidades; aos processos eleitorais, enfim, a tudo o que é normal neste mundo conturbado e violento.
Por que o homem, na sua eterna ânsia de conhecer o desconhecido, ousa mais do que aconselham a sabedoria e a prudência? Deus concedeu-lhe a inteligência e o livre arbítrio para, também, criar a AI.
Infelizmente, porém, pelo que se lê e ouve a respeito, alarga-se a suspeita de que o que está mesmo nascendo neste planeta é uma nova Torre de Babel, um vaidoso e frustrado projeto humano cujo fim está muito bem contado no Livro do Gênesis.
Como o nome diz, a nova Inteligência é Artificial e, como tal, suas chances de êxito estão em discussão.