Reuniu-se a elite da indústria e da agropecuária cearenses que hoje, sexta-feira, 13, no hall da Casa da Indústria, sede da Fiec, almoçou com o governador Elmano de Freitas, de quem ouviu a informação de que as contas de sua administração estão tão organizadas que recebeu, pela primeira vez na história a nota A – a máxima – de Capacidade de Pagamento (Cepag) da Secretaria do Tesouro Nacional. Ele foi muito aplaudido.
Antes do discurso do governador, quem falou foi o anfitrião Ricardo Cavalcante, que, depois de dar números à performance dos organismos que integram o Sistema Fiec, com destaque ao Senai, foi direto ao ponto: a reforma tributária e a taxa de juros.
O presidente da Fiec disse:
“A regulamentação da reforma tributária deve ocorrer em paralelo com a reforma administrativa, pois ambas são indispensáveis para garantir o equilíbrio fiscal e a eficiência do Estado brasileiro, sem a necessidade de aumento da já excessiva carga. Um modelo tributário mais claro e simplificado é peça-chave para facilitar a vida do empresário, atrair o capital estrangeiro e consolidar a competitividade brasileira em cadeias globais de valor. A complexidade atual não apenas onera os negócios como, sobretudo, prejudica o desenvolvimento.”
Dando ênfase à voz, Ricardo Cavalcante abordou a questão da taxa básica de juros Selic. Ele afirmou:
“Amigos industriais, não podemos ignorar o impacto que a política monetária exerce sobre o setor produtivo e o crescimento econômico. Há poucos dias a Taxa Selic mudou. Subiu de 11,25% para 12,25%, um aumento de 1 ponto percentual que já pressiona a capacidade de investimento e endividamento das empresas. As projeções do mercado indicam que essa taxa pode chegar a 15% no próximo ano, um cenário que coloca o Brasil entre os países com os juros reais mais altos do mundo.
“É urgente que as lideranças do setor produtivo e político, trabalhem juntas para propor alternativas que garantam estabilidade monetária sem sufocar o crescimento econômico. Precisamos de uma política que reconheça o papel central do setor produtivo no desenvolvimento do nosso estado e do país. Ao manter uma das maiores taxas de juros do mundo, o país compromete fortemente o financiamento do capital de giro, investimento e consumo. Ela precisa urgentemente ser rebaixada a patamares compatíveis com os padrões internacionais. O setor empresarial brasileiro não consegue mais conviver com essa anomalia.”
Pelo que anunciou o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, a taxa Selic aumentará em mais 200 pontos percentuais (ou 2%), sendo 100 pp na reunião de janeiro (nos dias 28 e 29) e mais 100 pp em março (dias 18 e 19). Se, evidentemente, a inflação não der sinal forte de baixa.
Ricardo Cavalcante abordou a falta de mão de obra. Ele disse, olhando diretamente para o auditório de 500 empresários e, também, para o governador Elmano de Freitas:
“Outro ponto crucial que merece nossa atenção é a escassez de mão de obra, um problema que se agrava mesmo diante de índices recordes de ocupação. Pesquisa feita pelo Observatório da Indústria revelou que 62% dos empresários cearenses enfrentam dificuldades para contratar, seja pela falta de qualificação, seja pela pouca experiência profissional.
“Mas há também um componente estrutural que precisa ser revisto: a atual política que impede beneficiários do Bolsa Família e de outros programas sociais de trabalharem formalmente. Essa barreira legislativa desincentiva a formalização e cria um paradoxo: temos empregos disponíveis, mas muitas pessoas hesitam em aceitá-los para não perder benefícios que garantem sua subsistência. Precisamos revisar essa política, permitindo que esses trabalhadores ingressem no mercado formal sem perder a segurança da assistência social. Somente assim conseguiremos atender à crescente demanda por empregos.”
Após a fala de Ricardo Cavalcante, o governador assinou atos administrativos que beneficiam com isenção tributária alguns setores da economia do Estado, principalmente a indústria de lacticínios. Em seguida. Foi anunciado o seu discurso. E aqui já se notou a interferência positiva do novo chefe de sua Casa Civil, jornalista Chagas Vieira.
Elmano de Freitas tirou do pedestal o microfone sem fio (um modelo vocal Shure, de alta impedância), aproximou-o da boca e falou como devem falar os políticos que desejam persuadir quem os escuta – com voz alta e firme e com gesticulação de mesma intensidade. Foi o bastante para que deputados estaduais e empresários – incluindo presidentes de sindicatos da indústria – parassem de conversar e prestassem atenção ao que o orador estava dizendo.
E todos ouviram, alto e bom som, a mensagem de Elmano de Freitas, um advogado acostumado a falar em público. E ele fez, digamos assim, um resumo de 30 minutos sobre o que seu governo está fazendo, e não é pouca coisa pelo que ele apresentou.
“Temos muita coisa para avançar no Ceará”, iniciou ele, mas já anunciando que muita coisa já foi feita “com a parceria da sociedade cearense”. Citou o PIB nacional que alcançou a marca de 3,3% de crescimento neste ano, com inflação de 4,8%. E mostrou que o PIB do Ceará, de 5,5%, “é maior do que o PIB brasileiro” e que a inflação no estado é de 5,1%, enquanto o desemprego está em 6,7%.
Incentivado pela atenção com que seu discurso era ouvido pelo auditório, Elmano falou sobre a situação financeira do estado, que é hoje de total equilíbrio, a ponto de merecer a nota máxima da Secretaria do Tesouro Nacional. (Parêntesis: neste instante, em uma das dezenas de mesas redondas – cada uma com 10 cadeiras – dois fornecedores de produtos e serviços ao governo estadual trocaram olhares e discretos sorrisos, fecha parêntesis)
O governador disse que 75% das escolas públicas estaduais já funcionam em regime de tempo integral e que elas serão 100% no fim do próximo ano de 2025. Falou sobre os hospitais regionais que já foram construídos e dos que estão em construção, incluindo o da Euece, que será o maior do Ceará. Abordou a segurança pública, dando os números do que seu governo já investiu nela e seguirá investindo nos próximos dois anos.
Em seguida, falando diretamente para os empresários industriais e agropecuaristas presentes, o governador Elmano de Freitas referiu-se à Ferrovia Transnordestina, que está sendo construída por uma empresa cearense e na qual estão sendo investidos, somente no trecho no estado do Ceará, R$ 4,4 bilhões, afora os mais de R$ 500 milhões que empresas privadas investirão em 2025 e 2026 na construção de dois portos secos, o maior dos quais em Quixeramobim.
Anunciou que, graças ao apoio da bancada cearense na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, que destacaram emendas no Orçamento Geral da União para as obras, a BR-116 será duplicada até Tabuleiro do Norte; a BR 222 sê-lo-á até Umirim e a BR-020 até Campos Belos.
Informou que o Porto do Pecém será ampliado com recursos próprios da Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém – um investimento de R$ 675 milhões. E anunciou que outros R$ 430 milhões serão aplicados na transferência do parque de tancagem do Mucuripe para a área do entorno do Porto do Pecém.
Elmano de Freitas também anunciou que serão construídos 1.991 quilômetros de Linhas de Transmissão no Ceará — já leiloados – para garantir o fornecimento das energias renováveis – solar e eólica – a serem geradas pelos vários projetos em andamento e que ainda serão instalados na geografia cearense.
O Ceará – segundo o governador – consome hoje o equivalente a 1,5 GW (gigawatts), número que saltará para 10 GW quando estiverem operando as 7 primeiras grandes unidades industriais que produzirão Hidrogênio Verde no Hub do Pecém.
E finalmente, dirigindo-se aos agropecuaristas presentes, Elmano de Freitas informou que o conjunto de sifões do Eixão das Águas, que traz água do açude Castanhão para a Região Metropolitana de Fortaleza, será duplicado, com o que a vazão saltará dos atuais 11 m³ por segundo para 22 m³ por segundo.
E, concluindo seu pronunciamento, o governador anunciou, sob fortes aplausos, que, até o fim de 2026 (ano de eleição ou reeleição) ficará concluído o Cinturão das Águas do Ceará (CAC), para o que serão investidos mais R$ 1,2 bilhão dos governos estadual e federal.