O foguete foi inventado na China, no século XIII, para fogos de artifício. Contudo a utilização de foguetes para fins bélicos só ocorreu na Segunda Guerra Mundial, quando o projetista alemão Verner Von Brown construiu o V2, considerado o primeiro Míssil Balístico Intercontinental (ICBM sigla em inglês para Intercontinental ballistic missile). Após esta guerra, Von Brown se entregou aos americanos. Certamente, a União Soviética não parecia atrativa para ele. Nos EUA, ele foi o responsável por projetar o foguete Saturno V que levou o ser humano à Lua.
Geralmente os ICBMs, para chegar a outro continente, precisam se locomover pelo espaço sideral. Considera-se espaço, as altitudes acima dos 100 km, o que é delimitado como linha Karmann. Os mais simples seguem trajetória parabólicas o que os torna bem previsíveis.
A diferença entre um foguete e um míssil é a carga. Enquanto um foguete leva um astronauta, sonda ou satélite, um míssil leva um explosivo ou ogiva nuclear. Quando nos referimos a explosivos, estamos falando de reações químicas enquanto as ogivas se referem reações nucleares, o que provoca mudanças de elementos da tabela periódica e libera muito mais energia.
Na semana passada, a Rússia testou um míssil que confundiu muitos analistas que acreditavam se tratar de ICBM por muito se assemelhar. Contudo, era um míssil balístico de médio alcance (medium-range ballistic missile, MRBM) chamado de Oreshnik.
Oreshnik possui aletas que se curvam para controlar a direção. Para quem é do setor aeroespacial sabe o que é aleta, alguns chamam de empenas. Elas não tem sustentação como a asa de uma avião. Seu equivalente em uma prancha de surf seria a quilha ou a barbatana de um tubarão. As aletas móveis são capazes de alterar a direção do míssil o que o torna extremamente difícil prever sua trajetória.
Um único míssil pode levar seis ogivas nucleares e algumas ogivas falsas. Essas ogivas em formato cônico são liberadas do espaço a 10.000 km de altitude. Podem atingir mach 20 no vácuo do espaço e chegam ao solo a mach 10 como se fossem meteoros. Nesta fase é provável tenham trajetória corrigidas por propulsores e não, aletas.
Alguns analistas acreditam que o sistema Patriot tenha uma chance de 50% de abatê-lo. Mas não sabemos se essa estimativa é verdadeira, uma vez que a Russia atingiu o território ucraniano de Dnipro onde não há Patriot. Talvez se o Patriot abatesse o Orishnik, seu poder de dissuasão ficaria comprometido.
Ao longo de mais de 2 anos da invasão à Ucrânia, Putin fez cerca de 100 ameaças nucleares após ter todas as suas linhas vermelhas cruzadas. O fato é que armas nucleares não são feitas para serem usadas. São armas de dissuasão. Se ela for usada, perde a sua finalidade. Chegar a este ponto é uma ato de desespero.
Por que Putin avisou aos EUA que lançaria tal míssil?
Estima-se que um ICMB levaria de 15 a 20 minutos para sair da Ásia e chegar à América. Isso é tempo suficiente para os EUA lançarem outro ICBM em direção ao agressor. Algo semelhante foi representado no cinema pelo filme Exterminador do Futuro 3. Para não receber um ataque nuclear de retaliação, Putin avisou aos EUA que lançaria tal míssil com um alvo específico e talvez até mesmo carga específica.
Os EUA gastam cerca de 900 bilhões de dólares anuais com orçamento para a defesa, o que corresponde a metade do PIB da Rússia. É imprudente a Rússia querer desafiar não só os EUA como a OTAN neste setor. Além, disso o elemento surpresa da Rússia já acabou. Como o míssil lançado em Dnipro não tinhas ogivas nucleares, os destroços foram recuperados. Diversos vídeos foram gravados.
A Rússia gastou um míssil de 40 milhões de dólares para destruir a resistência de alguns Ucranianos e ainda revelar segredo militar. Os aliados da Ucrânia estão prestes a enviar um sistema de defesa mais adequado para mísseis espaciais. O sistema se baseia em uma constelação de satélites que os EUA usam para monitorar ICBMs. Em 2025, a guerra será no espaço!
Putin alega que quer combater a expansão da OTAN. Mas são os próprios países da ex-união soviética que querem se afastar da Rússia. O sistema socialista, comunista e derivados são sistemas insustentáveis e fracassados envoltos de corrupção e controlados por poucos privilegiados que chamamos de oligarcas.
Como não há competição de mercado, os surgimento de tecnologias mais sustentáveis e eficientes são atrofiados. Por isso esses regimes não conseguem se desenvolver. Geralmente desenvolvem algum projeto piloto para mostrar ao próprio povo sua superioridade, como é o caso do Oreshnik, mas na prática o livre mercado competitivo está à frente.
Quem conhece a história do muro de Berlim sabe que não haviam pessoas fugindo da Alemanha capitalista para a Alemanha socialista. Ainda hoje, não vemos americanos fugindo para Cuba e nem Sul Coreanos fugindo para a Coreia do Norte. Por quê será?
Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.