Em 2007, a Google anunciou o concurso Lunar X Prize de 20 milhões de dólares para quem conseguisse imagens inéditas da Lua a partir da superfície lunar. Em 2018, o prêmio foi encerrado sem um vencedor. Apesar disso, a iniciativa pode ter alavancado o surgimento de várias startups para o setor aeroespacial. Vejam quantas empresas privadas apareceram nas últimas duas décadas: SpaceX, Blue Origin, Virgin Galactic dentre outras menores.
O curioso é que nenhuma empresa privada até o momento sequer atingiu a Lua.
Algumas estatais chegaram bem perto de atingir o objetivo. Em 2019, dentre elas, uma Sonda Israelense que se chocou contra o nosso satélite e espalhou vários tardígrados sobre a superfície do astro. Os tardígrados, são seres microscópicos de múltiplas patas, capazes de sobreviver a condições extremas de temperatura, tendo sobrevivido a cinco extinções em massa do nosso planeta. Devido ao ocorrido com a sonda Israelense, possivelmente, os tardígrados se tornaram os primeiros seres vivos na Lua.
Outra estatal bem sucedida, também em 2019, foi a Administração Espacial Nacional da China (AENC), que não só enviou um rover para Lua como também conseguiu fazer brotar a primeira espécie de planta na Lua. Foi uma espécie de algodão. (No futuro, como chamaremos as pessoas que nascerão na Lua? Lunáticos?).
Em 2023, uma estatal experiente, a ROSCOSMOS (Rússia) tentou pousar um lander, a Sonda Luna 25, que deu muito errado ao perder a comunicação e depois se “espatifar” na superfície lunar. Engraçado que a primeira federação a enviar um objeto para Lua passe por um “perrengue” desses. Deve ser consequência do seu orçamento de guerra contra a Ucrânia e das sanções.
Diferentemente, também em 2023, a Índia se tornou o país a pousar mais próximo do polo Sul Lunar. Essa é uma importante localização onde o Sol ilumina praticamente o ano todo e possui reserva de água, dois fatores fundamentais para a instalação de bases lunares (bases de pesquisa, pelo menos neste início de exploração espacial).
A última tentativa privada de atingir a Lua (até o contexto atual) foi a Peregrine da ULA (United Launch Alliance). Eu comentei sobre essa missão em um texto anterior. Essa missão fracassou ao enviar restos mortais em forma de cinzas para a Lua. Para dizer a verdade, a sonda voltou depois de alguns dias para a Terra e caiu próximo à Austrália.
Chegar à Lua não é fácil, pousar em segurança é mais difícil ainda. E dessa vez o destaque foi da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA, sigla do inglês, Japan Aerospace Exploration Agency) que conseguiu pousar uma sonda na Lua com uma precisão recorde.
O Japão tornou-se o quinto país a pousar um módulo lunar com segurança ao lado de EUA, Rússia (na época União Soviética), China e Índia. Veja o vídeo da sonda japonesa fazendo uma manobra se preparando para a alunissagem.
Nomeada de SLIM, a sonda fez imagens do pouso e liberou um pequeno robô chamado SORA-Q e se parece mais com um brinquedo. Na verdade, é. Inclusive foi construído pela TOYMAKER mesma empresa que faz os brinquedos dos transformers. O robô em forma de globo se divide ao meio. Cada metade funciona como membros que tornam possível o movimento em terreno arenoso. O movimento foi inspirado nas tartarugas ao nascerem e que se dirigem para o mar.
O robô fez a imagem de capa desta coluna mostrando a própria sonda SLIM. Percebe-se que os propulsores ficaram para cima. Eu vi o projeto de pouso e os propulsores deveriam ficar para baixo. A sonda deve rolar ao pousar. Observe como o local está inclinado. Contudo, os objetivos foram alcançados e podemos considerar que a missão japonesa foi um grande sucesso.
O Japão assumiu a liderança da corrida espacial, mas é como liderar uma corrida de carro enquanto o líder do campeonato vai para os boxes. Em breve a China terá novidades e os EUA também. Entretanto, aprendemos em uma famosa fábula que não devemos menosprezar a corrida da tartaruga contra a lebre.