Dois anos do Telescópio Espacial James Webb, cinco destaques em 2023

Á medida que observamos mais longe, estamos vendo imagens do passado. O James Webb com seus 6,5 metros de diâmetro e com seus sensores infravermelho nos permite observar o universo perto do Big Bang, o que chamamos de universo primordial.

Ainda me recordo que o lançamento do Telescópio Espacial James Webb tinha sido adiado por condições de tempo e acabou ocorrendo no dia de Natal, 25 de dezembro de 2021. Dois anos se passaram, e o telescópio nos surpreendeu com belíssimas imagens e até colocou a teoria de Big Bang em discussão. Nesta coluna trago cinco curiosidades sobre o telescópio mais avançado da atualidade neste ano de 2023. 

1 - O Webb não substituiu o Hubble

Diferente do que alguns imaginam, o Webb não foi feito para substituir o telescópio espacial Hubble em órbita a 33 anos. Porque o Hubble, foi projetado inicialmente para ver o universo no espectro visível. Já o Webb, ver por meio do espectro infravermelho. É verdade que na terceira atualização do Hubble, ele recebeu um upgrade que o permitia ver no infravermelho também, mas nada como o James Webb que foi projetado para isso. O objetivo com o infravermelho é estudar os confins do universo. O infravermelho tem a capacidade de viajar grandes distâncias enquanto o espectro visível tende a ser espalhado ao percorrer o espaço com gás e poeira. Existe cerca de 1 átomo de hidrogênio a cada centímetro cúbico no meio interestelar. O infravermelho consegue atravessar melhor esse meio.   

2 - Ele não refutou a Teoria do Big Bang. 

Á medida que observamos mais longe, estamos vendo imagens do passado. O James Webb com seus 6,5 metros de diâmetro e com seus sensores infravermelho nos permite observar o universo perto do Big Bang, o que chamamos de universo primordial. Portanto, olhando para trás, deveríamos observar galáxias primitivas com nuvens de gás e poeiras se juntando para formar as galáxias. Contudo, este ano um estudo publicado na Revista Nature usando dados do referido telescópio, apontou que o universo primordial continha galáxias parecidas com a Via-láctea, ou seja, já havia galáxias evoluídas. Isso pode significar duas coisas, ou o que sabemos sobre a evolução de galáxias está errado, ou o que sabemos sobre o Big Bang, está. É como se essas galáxias não tivessem se formando com o nosso Big Bang, é como se já existissem. Mas como mencionei, pode ser uma simples falha no que sabemos sobre a formação de galáxias, e não um problema com o Big Bang que possui uma série de fundamentações, a expansão do universo é uma delas.

3 - Novas imagens de Urano.

O que poucos sabem é que, não apenas Saturno tem anéis, mas os quatro planetas gasosos do Sistema Solar os possuem.  No dia 4 de setembro, a NASA postou esta belíssima imagem do planeta associado ao deus do Céu da mitologia greco-romana, Urano. É possível ver 14 das 27 luas do planeta que recebem nomes das obras de Shakespeare e Alexander Poper, por exemplo Julieta, Miranda, Ariel etc. 

4 - Descoberta de metano em exoplaneta

Exoplanetas são planetas que orbitam outras estrelas. É difícil ver os planetas porque são muito pequenos de onde estamos. Mas o telescópio em questão conseguiu analisar a luz refletida por um exoplaneta chamado WASP-80 “b”. A letra b indica que é o primeiro planeta daquele sistema.  A letra “a” é reservada à estrela.  Este ano o Webb descobriu metano na atmosfera deste distante mundo. O metano pode ter origem tanto animal como produzido na pecuária ou por ser gerado de maneira natural como em titan que possue lagos de metano.

5 - Previsão astronômica em aglomerado de galáxias

Aglomerados de galáxias são ricas em matéria escura que prendem centenas de galáxias por atração gravitacional. Em 2016, Hubble identificou a imagem de uma supernova se repetindo três vezes no aglomerado de galáxias MACS J0138. Como a luz da supernova pode seguir por diferentes caminhos e como a velocidade da luz não é infinita, uma quarta imagem vai aparecer em 2035. Só a ciência para prever algo assim baseado teoria da relatividade de Albert Einstein. Este ano, o Webb descobriu um novo conjunto de imagens de outra supernova no mesmo o aglomerado de galáxias. 

Essa foi a última coluna de astronomia do ano de 2023. Que surpresas o cosmo nos revelará em 2024? Ainda há muito mistério a ser resolvido como o das galáxias desenvolvidas no universo primordial. Será que ano que vem teremos a resposta. Vamos aguardar. Para finalizar, desejo um ótimo ano para você. Em 2024 estarei de volta trazendo as novidades e explicando os mistérios da Astronomia.