Diário do Nordeste

Ex-bancário empreende em bananas que seriam desperdiçadas em Limoeiro do Norte, no Ceará

Escrito por
Bruna Damasceno bruna.damasceno@svm.com.br
(Atualizado às 10:58, em 20 de Março de 2025)
Bananas em tanque sendo processadas

Filho de agricultor, o engenheiro mecânico Rafael Teixeira Arias, de 34 anos, testemunhou os impactos da seca severa que atingiu o Ceará entre 2012 e 2019. A estiagem prolongada prejudicou os bananais em Limoeiro do Norte, onde seu pai cultivava, resultando em safras de frutos deformados, com peso reduzido e aparência menos atrativa para os comerciantes.

"A falta de irrigação gerou muitos problemas no desenvolvimento, com resultados inferiores a 100%, pois a fruta, fora do padrão, é mais fina e perde valor no mercado", explica. Quando chegava às portas dos supermercados, a mercadoria era recusada e precisava ser redirecionada. 

No entanto, devido à natureza perecível do produto, o tempo disponível era insuficiente, e toneladas do alimento estragavam. Com base nessa experiência, Teixeira idealizou um projeto de triagem das bananas antes da distribuição aos varejistas, com o objetivo de utilizar esses frutos para outras finalidades.

A ideia surgiu em 2015, mas foi em 2019 que ele buscou a colaboração da Conalimentos, empresa júnior do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde havia estudado, para o desenvolvimento de novos produtos a partir da banana não padronizada.

Nasceu, então, a marca cearense Gorilla Power, que adotou como conceito central o upcycling food, prática de reaproveitamento de alimentos destinados ao descarte, transformando-os em novos produtos de valor agregado.

Foram desenvolvidos lanches rápidos veganos, também conhecidos como snacks, com uma variedade de sabores, incluindo café, chocolate, coco e outras opções. Naquele ano, Teixeira optou por deixar a carreira bancária, na qual atuava há dois anos, e dedicar-se ao empreendedorismo.

"Eu tocava o projeto em paralelo, mas ele começou a demandar mais de mim. Aí decidi: vou empreender, trabalhar para mim. Mas, em seguida, veio a pandemia, e foi um ano de resiliência", lembra. Após a superação da crise sanitária, a empresa aproveitou o aumento da demanda por produtos saudáveis.

Atualmente, a empresa conta com 33 fornecedores de bananas, incluindo 10 famílias agricultoras, além de pequenas e médias empresas. A coleta das bananas não padronizadas ocorre por meio de rotas no polo produtor de Limoeiro do Norte, onde são selecionadas as frutas que seriam rejeitadas pelos supermercados, evitando o desperdício.

Essas bananas são transformadas em snacks, comercializados em grandes redes, como São Luiz, Lagoa e Cometa. Além dos produtos finais, a empresa também fornece banana-passa em embalagens a granel para a produção de granola e pães destinados a redes de restaurantes.

4 pontos que você precisa saber

ESG é a sigla, em inglês, para Ambiental, Social e Governança (Environmental, Social and Governance). O conjunto de práticas visa reduzir os impactos ambientais provocados pelas empresas e desenvolver um sistema econômico justo e transparente. Por isso, pode contribuir para a descarbonização da economia, termo usado para a redução da emissão de dióxido de carbono (CO₂), principal gás responsável pelo efeito estufa. ESG surgiu em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2004, e também está atrelado aos Objetivos de Desenvolvimento da ONU.
O ESG é importante para toda a sociedade, considerando que o País é marcado por assimetrias socioeconômicas, herança do período colonial, escravista e de uma cultura patriarcal. Por isso, pode promover mudanças de equidade no mercado de trabalho, além de reduzir os impactos ambientais dos negócios, sobretudo em um contexto de crise climática. Compreender a importância da agenda ESG ajuda a tomar decisões de consumo baseadas em práticas ambientais e sociais, pressionando os negócios a se adequarem.
A Agenda 2030 é um compromisso global firmado pelos 193 Estados-membro da ONU, com o objetivo de gerar desenvolvimento sustentável nas dimensões econômica, social e ambiental, considerando as prioridades de países e localidades. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são parte da Agenda 2030
O Acordo de Paris é um pacto internacional voltado para conter o aquecimento global, aprovado como lei doméstica por 194 países e pela União Europeia, em 2015. Pelo tratado, a meta era manter o aquecimento abaixo de 2ºC e, na medida do possível, 1,5ºC.

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