O ciclo recente de alta da taxa básica de juros da economia, a Taxa Selic, iniciou em março de 2021, e segundo o Banco Central, tem o objetivo reduzir o processo inflacionário.
A taxa Selic, que chegou a ser de 2%, nos últimos dois anos, entrou em trajetória crescente, e desde agosto de 2022 se mantém em patamar elevado. Após subir 11,75%, a Selic, atualmente em 13,75%, tem promovido impactos na economia, sendo o mais evidente na elevação dos juros de mercado.
ECONOMIA REAL E A TAXA SELIC
A taxa Selic, por ser a taxa de referência das instituições financeiras, funciona como um “piso” para os juros cobrados nas operações de crédito.
Na economia real, a realização de operações de crédito está cada vez mais custosa, seja para as pessoas físicas, como financiar um automóvel ou no cartão de crédito; seja para as empresas, especialmente para o capital de giro.
JUROS DE MERCADO DA PESSOA FÍSICA
Os dados publicados na última semana pelo próprio Banco Central, mostram que os juros praticados pelo mercado estão nas alturas, em grande medida, decorrente da taxa Selic.
No último mês de março, o juro médio da pessoa física alcançou a marca de 58,26% ao ano, bem superior ao registrado no mesmo mês de 2021, quando a Selic começou a subir, que era de 40,74%.
O juro do cartão de crédito rotativo, o maior “símbolo” dos encargos financeiros nas alturas do mercado de crédito brasileiro, é o vilão do nosso bolso. A subida da Selic, digamos, foi gasolina na fogueira. De março de 2021 a março de 2023, o juro médio do cartão de crédito subiu quase 100% e marca atualmente 430,95%.
PESSOA JURÍDICA E OS JUROS ELEVADOS
As empresas também sofrem com a elevação dos juros médios das operações de crédito. Os contratos de empréstimos e financiamentos das pessoas jurídicas, segundo os dados do Banco Central, foram majorados os juros médios em 10,3% no período de
março de 2021 a março de 2023. Assim, os juros médios da pessoa jurídica atualmente estão em 24,11%.
Neste contexto de alta, as operações de crédito de desconto de duplicatas e recebíveis, por exemplo, os juros dobraram. Em março de 2021, as empresas descontavam duplicatas e recebíveis com juros de 10,23%, e mais recentemente, passaram a fazer essa operação com juros de 20,68%.
Existe grande expectativa para a reunião do Copom que inicia hoje e termina amanhã (03/05/2023) com a divulgação da Taxa Selic.
A leitura do mercado, com base nos dados econômicos e financeiros recentes e manifestações do Central, projeta para manutenção da taxa Selic em 13,75%. Assim, os juros de mercado ainda devem continuar a subir nos próximos meses.
Grande abraço e até a próxima semana!
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
* os juros deste texto refletem as operações de mercado, não incluindo os recursos direcionados, como operações de crédito subsidiado.