Educação: planos e superficiais

Quando examinamos os planos governamentais no Brasil, frequentemente observamos uma superficialidade na formulação das políticas públicas. Em outras palavras, se a efetividade de uma proposta política fosse unicamente determinada por sua apresentação em um plano de governo, alguns dos postulantes a prefeitos poderiam ser considerados "arruaceiros de nível executivo." Autênticos avatares da bagunça, pois, se já enfrentamos sérios problemas com o "horror do meramente esquemático," imagine o quanto a situação se agrava na inexistência de um planejamento minimamente adequado.
 
Com o foco voltado exclusivamente para a educação, realizamos a análise dos planos de governo dos candidatos à prefeitura de Fortaleza. Qual era o objetivo? Avaliar como cada candidato, munido de suas “esponjas eleitoreiras,” absorveu para a educação as complexas e fluidas perspectivas político-sociais, analíticas e econômicas. Além disso, verificamos como cada um alicerçou estes pilares: qualidade do ensino, infraestrutura escolar, inclusão e acessibilidade, gestão e governança, avaliação de resultados e, claro, saúde e segurança nas escolas. O que encontramos? Propostas com uma profundidade digna de um pires!
 
Em resumo, entre as metas apresentadas, observamos uma análise muito rasteira do desenvolvimento histórico da educação municipal, além de um aparente desconhecimento das reais deficiências e lacunas de inclusão no currículo e no contexto escolar atual. Em vez disso, o que vemos são habituais “questionamentos” direcionados à estrutura organizacional da escola e aos seus “agentes do nível de rua”. Nesse ínterim, quando lemos “as respostas”, o que se propõe é tão eficaz quanto um "Sim Sala Bim", ou seja, não responde e muito menos atende às necessidades dos sujeitos envolvidos.
 
A avaliação da formação e plano de carreira dos professores? É tão detalhada quanto uma nota de rodapé! A inovação e tecnologia são abordadas sem qualquer vínculo real com as dificuldades dos alunos com deficiência. E, claro, a isenção da culpa política sobre as desigualdades garante que a priorização de grupos vulneráveis continue sendo uma ideia abstrata e irrelevante.
 
Davi Marreiro é consultor pedagógico