O isolamento social teve grande impacto na saúde física e mental das crianças, modificando o comportamento no âmbito psicossocial do desenvolvimento infantil. Crianças que antes tinham acesso a escola, creches, espaços alternativos de educação e momentos de lazer e esporte em espaços abertos tiveram que ser privadas de usufruírem da liberdade, sendo atravessadas por estressores. Isso gerou impactos psicológicos como frustração e tédio, especialmente pela ausência de contato com os colegas, amigos e professores e falta de espaços para brincar em casa.
Dessa forma, a criança deixou de ter experiências lúdicas que implicam em interações face a face, cooperação, convivência com as diferenças, negociações e compartilhamento de decisões, saber esperar a própria vez, exercício de controle de impulsos, entre outras habilidades que o brincar livre oferece aos pequenos e que são tão importantes para o desenvolvimento e saúde deles.
A privação do brincar gerou um excesso do uso de telas, causando super estímulos, bombardeios sensoriais, isolamento dos laços, perda da autenticidade e não separação do real e imaginário.
Quero ressaltar aqui a importância do brincar livre para diminuir os impactos da pandemia no desenvolvimento físico, psicológico, social, cognitivo e motor das crianças. Brincar é fundamental para o desenvolvimento global, estimula a imaginação, autonomia, criatividade, socialização e tantos outros benefícios fundamentais na infância.
É brincando que a criança conhece o mundo e se apropria dele, aprende sobre as leis, se desafia, desenvolve a própria inteligência, linguagem, constrói a personalidade. O ambiente ao redor é um grande laboratório. O brincar, para a criança, é uma relação por inteiro: com o mundo, com a natureza, entre outras crianças e com os cuidadores. Brincar é vida!
Naiana Pontes é psicóloga especializada em Psicodrama, Direito da Criança e do Adolescente, Terapia Sistêmica Familiar, Desenvolvimento Infantil na Primeira Infância e Abordagem Pikler | naianaalencar@hotmail.com