PIB da pecuária do Ceará sofre perda de R$ 43,5 mi
Expectativa do setor é diluir o prejuízo ao longo do ano para evitar um resultado mais negativo
A crise no abastecimento ocasionada pela greve dos caminhoneiros em todo o País deve ter impactos diretos no Produto Interno Bruto (PIB) da pecuária cearense que deve amargar perdas de R$ 43,5 milhões contabilizadas até ontem. De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya, todos os setores foram afetados com prejuízos que ultrapassam a casa dos milhões.
"Nós temos no Estado 80% do Valor Bruto da Produção representados pelas cadeias da bovinocultura do leite, pela avicultura e pela ovinocultura. A bovinocultura representa 44% da produção total. Faz mais de oito dias que não está havendo entrega de leite à indústria. Não tem como receber e nem levar o leite para as indústrias. Tanto o segmento produtivo como o industrial estão bloqueados".
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Segundo Saboya, por enquanto, não há previsão de quanto seria essa melhora no PIB, apenas que o cenário atual, mesmo com a greve dos caminhoneiros, seja de crescimento em relação aos anos anteriores. "Nós estávamos numa crise hídrica desde 2012. Neste ano, houve uma melhora desse quadro. Quando isso acontece, a gente prevê que impacte positivamente nos resultados da agricultura".
Interferência
O presidente da Faec diz que enviou mensagem ao Governo do Estado pedindo interferência para a resolução do problema. "Temos que resolver o problema do produtor rural que é o maior prejudicado com essa greve e fazemos um apelo ao governador Camilo Santana para que ele tome providências". O apelo da Federação chama atenção para as ações voltadas para o leite. "Louváveis e necessárias as ações desencadeadas pelo governador no sentido de garantir o funcionamento dos principais serviços e auxiliar no abastecimento de combustível na Capital e no Interior. No entanto, as atividades agropecuárias, com especialidade, aquelas que produzem produtos de grande perecibilidade, como é o caso do leite, não receberam nenhuma ação que viesse mitigar os enormes prejuízos diários causados a milhares de pequenos e médios produtores impossibilitados de entregar nas usinas o leite produzido", afirma mensagem da Faec ao governo. De acordo com o presidente da Federação, todas as cadeias produtivas do Estado estão encontrando dificuldades para escoar a produção.
Piscicultura
"A piscicultura que representa 2,6% do valor bruto da produção e a carcinicultura que representa 14,4% estão sendo afetadas diretamente porque não conseguem deslocar suas produções", afirma Flávio Saboya.
"Já o segmento de frutas, em relação à exportação, está encontrando dificuldade para deslocar seus caminhões das propriedades para o Porto do Pecém". A Cearáportos já havia informado que diariamente deixam de ser processados cerca de 26 mil toneladas de cargas no Pecém. O setor da fruticultura é um dos mais afetados, segundo Saboya.