Indústria química começa a parar hoje no Estado

Expectativa do setor é que produção seja retomada apenas na próxima segunda-feira (4)

Escrito por
Yohanna Pinheiro - Repórter producaodiario@svm.com.br
Legenda: O Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e Refinação de Petróleo no Estado do Ceará diz que os prejuízos do tempo de paralisação são incalculáveis
Foto: FOTO: KID JÚNIOR

Com insumos presos em carretas nas rodovias brasileiras e em contêineres nos portos cearenses e sem mais estoques, algumas indústrias do setor químico já começam a parar as atividades hoje. Sem a perspectiva de chegada de novas cargas, muitas empresas vão imprensar o feriado de amanhã (31) e só devem retomar a produção na segunda (4), caso a entrega das cargas para o setor seja normalizada.

Os prejuízos de todo esse tempo de paralisação são incalculáveis, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e Refinação de Petróleo no Estado do Ceará (Sindquímica/CE), Marcos Soares. Ele aponta que, caso as rodovias continuem bloqueadas, o setor já cogita implementar férias coletivas aos trabalhadores. "Não adianta ficar com funcionários de braços cruzados", argumenta.

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As indústrias que ainda não pararam já reduziram em mais de 30% o ritmo da produção para evitar a completa paralisação das atividades. O impacto dessas medidas, até agora, deve passar de 30% do faturamento do mês dessas empresas no Ceará e pode comprometer a retomada do nível da produção do segmento a patamares anteriores aos dos anos de crise econômica, conforme avalia Soares.

Estaca zero

Os impactos da paralisação da produção industrial, não antecipados pelos empresários, ameaça comprometer a recuperação que as indústrias começavam a sentir. "Estávamos retomando aos níveis anteriores a 2016 e 2017, que foram muito ruins. O ano de 2018 já começou com uma retomada. Depois de uma situação dessas, volta à estaca zero, é realmente muito ruim", aponta o presidente.

Ele estima a necessidade de no mínimo oito a dez dias a partir do fim das paralisações para que a logística do setor volte ao normal. "Muitas de nossas matérias-primas vêm de outros estados, do Sul ou de fora do País. Na hora que a situação se normalizar, as transportadoras terão caminhões parados no Brasil inteiro e vai ter muito acúmulo de carga. Até dar vazão a isso tudo, demora", aponta.

Estrangulamento

O impacto do bloqueio das rodovias brasileiras foi ainda maior por ter acontecido durante as duas últimas semanas do mês, segundo Soares, uma vez que esse é o momento em que alguns dos segmentos mais faturam.

"Para a gente recuperar esse prejuízo depois é bem complicado. Essa situação impacta seriamente o nosso resultado para o primeiro semestre. Já se vão quase duas semanas", lamenta o presidente do sindicato.

A recuperação ainda neste ano deste segmento, que inclui indústrias das áreas de cosméticos, medicamentos e tintas, entre outras, deve se tornar ainda mais difícil por conta dos grandes eventos esperados para os próximos meses, "vamos ver se conseguimos retomar, mas próximo mês tem Copa, depois Eleições e acaba o ano. Temos que fazer um malabarismo danado para continuar trabalhando".

Entre as cargas que estão presas nas rodovias brasileiras e nos portos do Estado, ele lista embalagens plásticas, caixas de papelão e matérias primas. "No setor químico, são necessários vários insumos. Se faltar um que seja, já compromete toda a produção daquele segmento. Embalagem, frasco, caixa de papelão", explica Soares. "Toda essa cadeia está sendo afetada".

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