PIB da pecuária do Ceará sofre perda de R$ 43,5 mi

Expectativa do setor é diluir o prejuízo ao longo do ano para evitar um resultado mais negativo

Escrito por
Hugo Renan do Nascimento - Repórter producaodiario@svm.com.br
Legenda: Com a greve dos caminhoneiros, indústrias já contabilizam mais de oito dias sem receber leite. De acordo com a Faec, "tanto o segmento produtivo como o industrial estão bloqueados" no Estado do Ceará
Foto: FOTO: HONÓRIO BARBOSA

A crise no abastecimento ocasionada pela greve dos caminhoneiros em todo o País deve ter impactos diretos no Produto Interno Bruto (PIB) da pecuária cearense que deve amargar perdas de R$ 43,5 milhões contabilizadas até ontem. De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya, todos os setores foram afetados com prejuízos que ultrapassam a casa dos milhões.

"Nós temos no Estado 80% do Valor Bruto da Produção representados pelas cadeias da bovinocultura do leite, pela avicultura e pela ovinocultura. A bovinocultura representa 44% da produção total. Faz mais de oito dias que não está havendo entrega de leite à indústria. Não tem como receber e nem levar o leite para as indústrias. Tanto o segmento produtivo como o industrial estão bloqueados".

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Apesar do resultado, Saboya acredita que não haverá um impacto muito negativo no PIB do setor deste ano. "Porque nós esperamos que seja uma situação de no máximo 20 dias e no universo de 360 dias o prejuízo é diluído. É evidente que a problemática individual de cada produtor é bastante séria. Mas no geral o resultado não deve ser muito impactado". Ele reitera que, neste ano, o PIB da agropecuária do Ceará será melhor do que o resultado de 2017. "Se nós imaginarmos que este ano vai ser melhor que ano passado, você não vai sentir o impacto dessa situação crítica. A gente espera que este resultado seja melhor por conta da chuva, por exemplo".

Segundo Saboya, por enquanto, não há previsão de quanto seria essa melhora no PIB, apenas que o cenário atual, mesmo com a greve dos caminhoneiros, seja de crescimento em relação aos anos anteriores. "Nós estávamos numa crise hídrica desde 2012. Neste ano, houve uma melhora desse quadro. Quando isso acontece, a gente prevê que impacte positivamente nos resultados da agricultura".

Interferência

O presidente da Faec diz que enviou mensagem ao Governo do Estado pedindo interferência para a resolução do problema. "Temos que resolver o problema do produtor rural que é o maior prejudicado com essa greve e fazemos um apelo ao governador Camilo Santana para que ele tome providências". O apelo da Federação chama atenção para as ações voltadas para o leite. "Louváveis e necessárias as ações desencadeadas pelo governador no sentido de garantir o funcionamento dos principais serviços e auxiliar no abastecimento de combustível na Capital e no Interior. No entanto, as atividades agropecuárias, com especialidade, aquelas que produzem produtos de grande perecibilidade, como é o caso do leite, não receberam nenhuma ação que viesse mitigar os enormes prejuízos diários causados a milhares de pequenos e médios produtores impossibilitados de entregar nas usinas o leite produzido", afirma mensagem da Faec ao governo. De acordo com o presidente da Federação, todas as cadeias produtivas do Estado estão encontrando dificuldades para escoar a produção.

Piscicultura

"A piscicultura que representa 2,6% do valor bruto da produção e a carcinicultura que representa 14,4% estão sendo afetadas diretamente porque não conseguem deslocar suas produções", afirma Flávio Saboya.

"Já o segmento de frutas, em relação à exportação, está encontrando dificuldade para deslocar seus caminhões das propriedades para o Porto do Pecém". A Cearáportos já havia informado que diariamente deixam de ser processados cerca de 26 mil toneladas de cargas no Pecém. O setor da fruticultura é um dos mais afetados, segundo Saboya.

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