Criar uma conta bancária nunca foi tão fácil. Com a consolidação dos bancos digitais e a possibilidade de confirmar a identidade digitalmente, é possível se tornar cliente de uma instituição em bancária em questão de minutos. Migrar de um banco para outro também foi um processo facilitado no meio digital, mas que exige atenção.
Os brasileiros mantêm 1,2 bilhão de contas bancárias ativas - em média seis contas por habitante, segundo levantamento anual da idwall com base em dados do Banco Central. Cerca de 89% da população possui algum vínculo bancário, sendo a faixa etária de 25 a 34 anos com uma predominância maior de contas.
Os bancos digitais concentraram a preferência dos clientes para aberturas de contas em 2023: seis em cada dez indicam essas instituições. Em comparação com 2022, o número de pessoas que possui conta somente em instituições 100% digitais cresceu e chegou a 18,4%. Cerca de 72% ainda mantêm contas em bancos tradicionais, além dos digitais.
A criação de novas contas ficou mais fácil em 2023, segundo o levantamento. O cadastro de novos usuários leva aproximadamente 6 minutos e 27 segundos e é a ação com a maior quantidade de telas, ações e solicitações de segurança.
Já o processo de encerramento da conta é apontado com o mais demorado, levando em média 10 minutos e 45 segundos. Já a portabilidade bancária, mudança de uma instituição financeira para outra, leva em torno de dois dias úteis.
Para quem quer mudar para bancos mais vantajosos, a escolha deve se basear na liquidez ofertada, explica Alberto Pompeu, mestre em Antropologia Financeira e colunista do Diário do Nordeste.
“Você deve procurar aqueles bancos que têm CDB [Certificado de Depósito Bancário] com liquidez diária e que pague 100% de CDI, que é exatamente a Taxa Selic. A questão é procurar dentro do banco uma opção que pague pelo menos 100% do CDI e que possa retirar diariamente”, recomenda.
Alberto Pompeu ressalta a importância de pesquisar os produtos ofertados e a credibilidade de cada instituição.
PORTABILIDADE PARA PAGAMENTO DE DÍVIDAS
Um dos passos principais para realizar a portabilidade entre bancos é a negociação, aponta Letícia Camargo, economista e planejadora financeira CFP pela Planejar. A especialista explica que as instituições financeiras podem oferecer condições favoráveis para o pagamento de empréstimos e isenção de taxas.
“Hoje em dia, com o open finance, essa questão da negociação é facilitada. Com a portabilidade, de repente ela pode ter condições melhores de empréstimos do que ela tinha no banco atual”, afirma.
No sistema de open finance, o cliente pode permitir o compartilhamento de informações bancárias entre instituições autorizadas pelo Banco Central. A interação permite que para os bancos façam propostas de portabilidade e subsidia as movimentações de contas.
Tem que ver quais os benefícios e os custos de cada um deles. Se a pessoa está endividada, às vezes a nova instituição dá uma vantagem, tem menor taxa de juros. Pode ser uma boa oportunidade"
Após a migração, o cliente pode escolher cancelar a conta no banco original, mas não necessariamente precisará cancelar o cartão de crédito. “Não vai ter mais a conta, então vai perder o débito automático, mas pode continuar pagando o cartão via boleto. Ou pode cancelar o cartão e, se tiver compras a pagar, continua pagando mensalmente aqueles valores parcelados que tinha no cartão”, explica.
TRANSFERÊNCIA DO ROTATIVO DE CARTÃO DE CRÉDITO
A partir de 1º de julho, os clientes com dívidas no cartão de crédito rotativo podem fazer portabilidade gratuita do saldo devedor para outra instituição. Ou seja, os clientes com dívidas de crédito podem transferir os débitos para outros bancos. As mudanças foram determinadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em dezembro de 2023.
Segundo o Banco Central, é possível procurar instituições financeiras que ofereçam juros menores ou melhores condições de pagamento da dívida. A proposta da nova instituição financeira deve contemplar toda a dívida cartão.
Após receber a proposta, também é possível checar com o banco onde a dívida foi criada se há uma contraproposta, que deve ser feito nos mesmos prazos da proposta para que seja possível comparar custos.
O CMN determinou também algumas mudanças para as informações obrigatórias das faturas de cartão de crédito, com objetivo de aumentar a transparência para os clientes. Os boletos terão uma área de destaque com as informações essenciais - valor da fatura, data de vencimento e limite total de crédito.
As opções de pagamento também ganharão uma área específica, com valor do pagamento mínimo obrigatório, valor dos encargos em caso de pagamento mínimo, opções de financiamento do saldo devedor, taxas de juros mensal e anual e custo efetivo total.
COMO TRANSFERIR INVESTIMENTOS
Os investimentos financeiros também podem ser transferidos entre instituições. No caso de bancos, a migração é mais facilitada no caso de investimentos comuns, como o Tesouro Direto e o CDB, segundo Letícia Camargo.
“Às vezes o fundo de investimento do Banco X não vei ter no Banco Y, então não vai conseguir transferir. Seria necessário resgatar, mandar o dinheiro para outro banco e investir em outro tipo de fundo”, pondera.
Segundo a economista, os clientes podem avaliar manter contas em mais de um banco ou corretora, aproveitando as vantagens de cada instituição.
“Você pode pegar o melhor de cada uma delas. Se um banco oferece isenção para fundos imobiliários, compro fundo imobiliário mele. Naquele, posso ganhar um cartão com acesso à sala vip [de aeroporto] se investir mais de R$ 5 mil. Assim você pode aproveitar o que cada instituição te dá de benefício”, comenta.
Alguns bancos e corretoras de investimentos estão habilitados para a transferência na 'Área do Investidor' da B3, a bolsa de valores brasileiras. Os investimentos podem movimentar ações e fundos imobiliários na seção de portabilidade.
As instituições habilitadas para o serviço são Ágora, Ativa, BTG Pactual, C6 Bank, CM Capital, Itaú, Mirae Asset, Safra, Santander, Toro e XP.