Vagas temporárias caem 80% no CE; varejo terá 1.300 postos

Segundo o IDT, em anos anteriores, o mercado local ofertava, neste período, de 2.500 a 3.000 oportunidades

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Levi de Freitas - Repórter producaodiario@svm.com.br

A proximidade das festas de fim de ano inicia um processo de contratação para empregos temporários característicos do período. Para 2015, contudo, a expectativa não é das melhores. Devido à crise econômica instalada no País, o comércio prevê retração nas contratações sazonais, com sensível diminuição na quantidade de postos de trabalho gerados durante o período. Segundo o Sistema Nacional de Emprego no Ceará (Sine-CE), a redução de ofertas chega a 80% em comparação com 2014.

O cenário não é nada animador para o período. O presidente do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Antônio Gilvan Mendes de Oliveira, destaca que existem inúmeras dificuldades para conseguir, junto ao empresariado, fomentar a criação de vagas temporárias.

"Está realmente muito difícil. Fizemos uma grande mobilização de visitas, contatos a empresas que normalmente, nesse período, estariam contratando temporários. Em anos anteriores, estávamos disponibilizando de 2.500 a 3.000 vagas. Mas, até agora, não deslanchou. Eles (empresários) pedem para esperar, aguardar, pois o comércio não está reagindo. Nesta semana, estamos com apenas 962 vagas", informou.

A preocupação de Gilvan reside, principalmente, na comparação com a criação de vagas em natais passados. Em 2014, por exemplo, a quantidade de empregos temporários disponíveis no início de setembro foi cinco vezes maior que o identificado em igual período deste ano.

"No início de setembro do ano passado, estávamos com 2.000 vagas. Neste ano, eram apenas 400. É um quadro muito grande de incerteza. Estamos indo à procura, mas não sei se isso vai melhorar ao nível do ano passado", pontuou.

Sindilojas

A previsão do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas) é que até 1.300 postos de trabalho sejam criados para preenchimento de vagas temporárias neste Natal. De acordo com o presidente da entidade, Cid Alves, os problemas financeiros têm atrapalhado o crescimento da geração de empregos. "Infelizmente, se for uns 1.300 empregos temporários criados, será muito. Vamos bem diferente do que em anos anteriores. É uma pena dizer um número tão baixo. Se a gente for otimista, se houver uma calma no mercado e o cenário se tornar menos negativo, podemos chegar a 1.500 vagas", acrescentou o líder classista.

107 mil vagas no País

A Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), por sua vez, prevê redução de 20% na criação de vagas temporárias em todo o País. A estimativa é de cerca de 107.800 contratações no Brasil para dezembro. No último ano, foram contratados 134.800 trabalhadores temporários no período.

Conforme o presidente do Sindilojas, as baixas vendas pioram o cenário. "É uma situação difícil nesse ano. A gente vem em uma curva descendente de vendas. Setembro foi um mês 'de puxar os cabelos' em todos os setores. A gente imagina que, quando começa o B-R-O Bró, as vendas aumentam", disse, referindo-se aos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro.

A perspectiva se traduz na esperança do dinheiro injetado pelos pagamentos de benefícios como a primeira parcela do 13º salário. "Poderemos ter picos de crescimento agora, em decorrência do pagamento do 13º, mas em relação ao ano passado, não teremos crescimento".

CDL Fortaleza

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Severino Neto, também está pessimista quanto ao número de empregos temporários criados na Capital durante o período das festas de fim de ano.

Entretanto, ele reafirma que, mesmo com a crise e as dificuldades, o comércio não abre mão de contar com o trabalho dos profissionais de temporada pelas necessidades de um melhor atendimento à demanda.

"Temos uma expectativa de contratar para as vagas temporárias do fim do ano, por mais que o mercado esteja retraído. Mas, a quantidade de pessoas, de serviços, continua exigindo que a gente contrate. Diminui o valor do presente, mas não diminui o presente. Isso acaba exigindo mais gente para atender", apontou Severino.

O presidente da CDL destacou que, mesmo com a crise econômica, não houve grandes demissões no Ceará. Conforme ele, isso também serve de incentivo para motivar a criação das vagas, mesmo que poucas. "O Ceará, em comparação a outros estados, tem tido números positivos. O setor não tem demitido, talvez isso influencie a menor contratação de vagas temporárias, não liquidando com elas, fazendo com que a turma atual seja mais produtiva", observou Severino.

Anos anteriores

Em 2014, segundo dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio), houve queda de 39% na quantidade de trabalhos provisórios no Estado em comparação com igual período de 2013.

Foram cinco mil postos criados no ano passado, ante 8,2 mil vagas temporárias abertas em 2013. Já a Asserttem registrou, no País, crescimento naquele ano. De 162 mil em 2103, a quantidade foi elevada para 163,6 mil em 2014.

Já no ano de 2013, ainda de acordo com a entidade, 12% dos temporários foram contratados pelas empresas ao fim do período. No ano passado, a taxa foi de apenas 5%.