"Atualmente a geração do Nordeste, e no Ceará não é diferente, está crescendo de uma forma muito maior do que a malha de transmissão. Essa malha tende a crescer, mas para isso é necessário que se tenha consumo". A afirmação é do diretor de Operação e Manutenção da Eletrobras, Tony de Matos Firmino, em sua participação no ProEnergia Summit, evento que está ocorrendo no Centro de Eventos até esta quinta-feira, 12.
Ele explicou que a região na totalidade consome 13 mil megawatts (MW) e que além desses, as linhas de transmissão existentes já transportam mais 11 mil MW de energia produzida no Nordeste para outras regiões do País.
No início do ano, a Eletrobras arrematou os três lotes que beneficiam o Ceará, no leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para a construção desses cerca de 1,9 mil quilômetros, serão investidos cerca de R$ 3 bilhões, com a criação de mais de quatro mil empregos diretos e indiretos.
No mês de abril, em uma reunião com o presidente da Eletrobras, Ivan Monteiro, o governador Elmano de Freitas já tinha apontado a importância de se ter um sistema de transmissão mais robusto no Estado. “Nós que queremos as energias renováveis, não é possível ter o desenvolvimento se não tem linha de transmissão”, afirmou o governador.
Olhando para a comparação entre a construção de sistemas de geração e sistemas de transmissão, o diretor de Operação e Manutenção da Eletrobras afirma que o primeiro leva, em média, três anos para ser feito enquanto o segundo leva sete anos.
"Assim, a transmissão sempre estará atrás da geração e ela só pode ser aumentada se tiver demanda para isso. Caso contrário, uma linha de transmissão ociosa teve um custo de construção que não justificou o investimento e acaba sendo cobrado da sociedade".
Além disso, ele comenta que a geração de energia está crescendo exponencialmente e ficando muito maior do que a necessidade de consumo. Só no Nordeste existe uma expectativa de geração de 100 gigawatts (GB) de energia, quando a necessidade será de 40 GB.
"Então, o que se coloca nessa discussão é que precisa crescer a geração, mas também precisa crescer a necessidade de consumo. Isso se dá em grandes blocos, com a prospecção de data centers, que consomem muita energia, assim como os projetos de hidrogênio verde, que também consome muito dessas energias solar e eólica", ressalta.
Firmino ainda pondera que estudos são feitos constantemente e projetam sempre cerca de 10 anos a frente, já que se sabe que os projetos de transmissão demoram cerca de 7 anos, e destes estudos são definidos os processos de leilão e licitação dessas obras.
Conforme o Ministério de Minas e Energia, as novas linhas de transmissão tem prazo de construção, em todo o Brasil, entre 36 e 72 meses e deverão entrar em operação no período 2027/2030.
Saiba por onde devem passar as novas linhas no Ceará
O lote 1, concedido por R$ 162,3 milhões, inclui os municípios de Quixadá, Crateús, Ibiapina e Tianguá, além de intervalo no Piauí. Serão 538 km de extensão de linhas de transmissão energética. O início de operação é previsto para meados de 2029 e o investimento é de R$ 1,7 bilhão.
O lote 3 foi arrematado por R$ R$ 114,9 milhões, englobando os municípios de Morada Nova, Banabuiú, Pacatuba, Russas, Quixadá, São Gonçalo do Amarante e Fortaleza. A linha de transmissão terá 337 km de extensão e vai demandar R$ 983 milhões de investimento. O prazo de início de operação é semelhante ao do lote 1.
Já o lote 5 passará pelos municípios de Abaiara, Milagres e Crato, numa linha que tem ainda as cidades do Piauí, Paraíba, Pernambuco, Bahia e Alagoas. A concessão valeu R$ 302 milhões, para 1.116 km de extensão de linhas. O investimento está em R$ 2,64 bilhões. O início de operação é o fim do ano de 2029.
ProEnergia foi espaço de apresentação e discussão da temática
Sobre distribuição de energia, o presidente do Sindienergia, Luís Carlos Queiróz, comentou que há divergências entre se ter mais linhas de transmissão e que os painéis do ProEnergia estão, justamente, discutindo a temática.
"O evento é para isso, para haver discussão e para que se faça o investimento (nas linhas de transmissão), que ele tenha retorno e que, principalmente, o consumidor seja agraciado com uma tarifa mais barata e com mais firmeza na energia que ele recebe".