Elaboradas para oferecer mais qualidade de vida e bem-estar aos usuários por meio de Tecnologia da Informação, promovendo o desenvolvomento social e econômico, as cidades inteligentes têm ganhado força ao redor do mundo. Pela internet, os moradores têm como aproveitar uma gama de serviços, voltados ao meio ambiente, segurança pública e mobilidade urbana, por exemplo. No Ceará, a rede de fibra óptica tem atraído empresas a fazerem "smart cities" na Região Metropolitana de Fortaleza, aplicando milhões de dólares nos projetos no Estado.
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Ceará é um dos três estados brasileiros com melhor conexão de banda larga, velocidade e quantidade de fibra ótica instalada. Além disso, 85,9% dos municípios do Estado têm cobertura de fibra ótica. Fortaleza ainda conta com 14 cabos submarinos de fibra ótica. Estima-se que até o fim de 2021, a capital cearense terá 18 cabos submarinos funcionando, de acordo com a database Telegeography.
Além disso, no primeiro semestre deste ano, o Cinturão Digital do Estado cresceu 200%, o que fez a infraestrutura de fibra ótica alcançar a maior média de tráfego de dados da história entre janeiro e julho, segundo dados da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), responsável pela administração do equipamento na esfera pública.
"A Tecnologia da Informação é a 'espinha dorsal' do projeto e, se não a tiver, não haverá como acessar os aplicativos. Neles, há como, por exemplo, saber que horas o caminhão da coleta de lixo passará, para que ele não fique muito tempo nas calçadas, aproveitar melhor o que já existe, energias renováveis para alimentar espaços públicos", destaca Edson Almeida.
Futuramente, aponta o diretor de extensão, o objetivo do IFCE é ampliar o projeto e transformar alguns municípios do Estado do Ceará em cidades inteligentes, como Guaramiranga e Pacoti, por exemplo. Neles, as pessoas, não necessariamente moradores, terão acesso a uma série de serviços por meio de um aplicativo, também no que se refere ao meio ambiente e tecnologia. "Devemos fazer projetos assim em locais que já existem, não deixá-los restritos a moradores de condomínios fechados. Isso é pequeno para uma proposta tão grande", comenta.
Gargalos
Para o diretor de extensão do Instituto Federal do Ceará (IFCE) Campus Fortaleza, Edson Almeida, a internet do Estado tem mais qualidade hoje em dia por causa da rede de fibra óptica que começou a ser instalada anos atrás, deixando-a cada vez mais veloz, o que faz as empresas notarem o know-how do Estado na área e se sentirem atraídas para implantarem novos projetos. Contudo, afirma o diretor de extensão do IFCE, há alguns gargalos no funcionamento da internet, e nem todos os municípios dispõem da mesma qualidade, especialmemte os mais populosos.
"Fortaleza precisa ter mais fibra óptica, por causa do grande volume de clientes que tem. A elaboração de uma cidade inteligente é um avanço e permite o surgimento de outros empreendimentos imobiliários, que se sentem atraídos justamente pela fibra óptica, e quem não pensar em Tecnologia da Informação ficará para trás. Será uma tendência futuramente", diz Edson Almeida.
O diretor de extensão do IFCE pontua que, nos próximos anos, o 5G irá preencher uma "zona de sombra" que a fibra óptica não atinge. Como esta é feita com cabos, geralmente subterrâneos, os locais de abrangência ficam limitados, o que deve ser resolvido com a criação do 5G. Nas cidades inteligentes, o gerenciamento dos serviços (abastecimento de água e energia, gestão de resíduos sólidos, mobilidade urbana, saneamento básico e transporte público) são feitas pela internet, e uma boa conexão, explica, é fundamental para que isso ocorra.
Geração de emprego e renda
Após São Gonçalo do Amarante, Aquiraz, outro município da Região Metropolitana de Fortaleza, receberá uma cidade inteligente. De acordo com a CEO da Planet Smart City, empresa responsável pelos dois projetos, Susanna Marchionni, os locais foram escolhidos estrategiacamente porque têm um déficit habitacional e porque ficam perto de áreas importantes para a geração de emprego e renda às famílias.
Baseado no projeto Minha Casa, Minha Vida (atualmente Casa Verde e Amarela), os empreendimentos imobiliários são destinados a várias faixas de renda, favorecendo, segundo a CEO, todas as classes sociais. "Na Europa, não existe isso de fazer um empreedimento imobiliário dedicado somente à classe a, b ou c; os serviços são para todos. É uma democratização da infraestrtura, e o nosso objetivo é criar um hub de inovação, atenuando tecnologia e meio ambiente, com espaços compartilhados para todos os moradores. Tudo isso à disposição das pessoas e sem taxa de uso", explica.
Econômico e social
Para ela, o projeto da smart city pode inspirar outras empresas a fazer o mesmo, uma vez que, afirma, as pessoas começaram a escolher de maneira mais criteriosa o que vão comprar, o que faz com que as empresas atentem para melhorar a qualidade do que está sendo oferecido quanto à responsabilidade social.
"Um empreendimento imobiliário não pode deixar de ter isso. Não pode criar infraestrutura e esquecer que lá vão morar pessoas. Ou seja, devemos trabalhar o econômico e o social", diz Susanna Marchionni. No futuro, observa a CEO, ninguém comprará casa ou apartamento sem notar os serviços ofertados, o que agregará valor. Desta forma, avalia, "a tecnologia deve ser pensada como um meio, não como um fim".