Quem são as empresas europeias que vão operar amônia verde no Complexo do Pecém?

Terminal de amônia verde será fundamental na produção e exportação de hidrogênio verde

As multinacionais Stolthaven Terminals e Global Energy Storage (GES) se juntaram em um consórcio para construir um terminal de amônia verde no Complexo do Pecém, no Ceará.

O projeto deve atender à produção de hidrogênio verde que deve acontecer no porto, já que à amônia verde é uma das principais formas de transporte do vetor energético

O terminal de amônia verde integrará a estrutura compartilhada que será utilizada pelas empresas produtoras do hidrogênio de baixo carbono. A expectativa é que as plantas sejam instaladas a partir de 2026. 

A seleção do consórcio durou mais de um ano e teve como candidatos diversos outros provedores globais de armazenagem. A Stolthaven Terminals e a GES receberam os direitos do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp S/A). Agora, a engenharia básica do terminal de amônia deve ser desenvolvida antes da assinatura do contrato final.

O presidente do complexo, Hugo Figueirêdo, destacou que a seleção do consórcio é uma fase importante para concretizar as intenções de investimentos na produção de hidrogênio verde no Pecém. A partir de agora, o complexo deve partir para a negociação de contratos. 

“Temos cumprido nosso cronograma de planejamento para que consigamos fazer desse projeto uma realidade cada vez mais próxima, que vai mudar a vida dos cearenses e a história do Ceará”, afirmou. 

Quem são as empresas que formam o consórcio?

A Stolthaven Terminals é uma multinacional norueguesa especialista em serviços de estocagem e manuseio em terminais. O grupo trabalha com armazenamento de derivados do petróleo, ácidos, matéria-prima orgânica e outros. 

Com presença consolidada no Brasil, a empresa opera como fornecedora de armazenagem para o Porto de Santos há 42 anos. Em diversos países, o grupo opera com uma frota de navios-tanque e contêineres-tanque com capacidade de manipular mais de 5 mil produtos.

Já a Global Energy Storage é uma empresa de armazenamento e logística focada em formas de energia com baixo teor de carbono, como o hidrogênio verde.

A companhia foi criada com um objetivo maior na próxima geração de ativos de armazenamento de energia, com foco na transição energética. 

A GES tem atuação em terminais portuários de Roterdã, Amsterdã, Dubai e Malásia. O porto holandês de Roterdã, inclusive, é parceiro do Porto do Pecém, com participação de 30% no negócio e compartilhamento de expertise. 

As duas empresas formaram o consórcio em 2023, visando desenvolver e operar o terminal de exportação de hidrogênio verde e seus derivados. 

AMÔNIA VERDE É FUNDAMENTAL NO HUB DE HIDROGÊNIO VERDE

O Porto do Pecém espera formar o ponto de importação e exportação de hidrogênio verde mais próxima na rota entre América do Sul e Europa. A expectativa é que a produção de hidrogênio verde chegue a 1 milhão de toneladas em 2030 - equivalente a 25% da demanda de importação de Roterdã. 

O hub de hidrogênio verde abrangerá, além da área de produção do vetor energético, subestação de energia, estação tratamento de água, área tancagem compartilhada e um pipeline de amônia para transporte até o píer do porto.

Edilson Mineiro Sá Junior, professor do Instituto Federal do Ceará (IFCE), explica que a estrutura de amônia é fundamental para intensificar a produção do hidrogênio verde no Ceará.

“Esse terminal facilita porque é uma maneira de escoar a produção do hidrogênio verde para a Europa, por exemplo, sem precisar de navios com tecnologias tão elevadas”, aponta.

O especialista explica que transformar o hidrogênio em amônia é a forma mais fácil de transformar o vetor energético, principalmente se tratando de grandes escalas de produção.

Se for pensar nas formas de transporte do H2V, entre elas é o transporte do gás, mas você teria volumes muito altos para transportar pouco hidrogênio. Na sua fase líquida, você tem gastos altos para liquefazer e manter em baixas temperaturas. Existem outras tecnologias, mas com custo também alto".
Edilson Mineiro Sá Junior
Professor do Instituto Federal do Ceará (IFCE)

Para que serve a amônia verde?

A amônia é uma substância bastante utilizada para a fabricação de fertilizantes, fibras, produtos de limpeza, etc. O produto ganha a complemento 'verde' se for produzido com fontes de energia renovável (no caso o hidrogênio verde, cuja produção tem aplicação de energia elétrica lima).

O desenvolvimento da amônia limpa pode trazer benefícios ao Brasil e impulsionar a descarbonização do país, segundo Edilson Mineiro Sá Junior.

“Há um grande interesse para o próprio Brasil, afinal, quando você vê as grandes emissões de gases de efeito estufa, está muito relacionado à agricultura, devido aos fertilizantes, que utilizam a amônia derivada do petróleo. Agora temos também o próprio transporte marítimo utilizando a própria amônia como combustível”, aponta. 

Saiba mais sobre o vetor energético

O que é Hidrogênio Verde?

O Hidrogênio Verde é aquele obtido pela eletrólise da água utilizando fontes de energia renováveis, como a eólica e a solar. Não há emissão de carbono na sua produção.

Como o Hidrogênio Verde será utilizado?

O hidrogênio verde deve ser utilizado como substituto a combustíveis não renováveis em diversos setores industriais. O elemento também pode ser aproveitado em alternativa aos combustíveis fósseis no setor de transportes, como fonte de energia para os meios rodoviário, aéreo e marítimo.

Onde encontrar o hidrogênio verde?

O hidrogênio em sua forma pura precisa ser extraído de outras fontes, como a água, o gás natural, o metanol e a gasolina. Para produzir o hidrogênio verde, é realizada a separação da água utilizando uma fonte de energia sem emissões de carbono.