Previdência: governo espera contraproposta

Secretário afirma que governo está aberto a flexibilizar reforma, mas não deve haver grandes mudanças

Brasília. O secretário da Previdência, Marcelo Caetano, disse nesta sexta-feira ( 3) que o governo segue aguardando a contraproposta da Câmara em relação a mudanças no projeto de reforma das aposentadorias. Após participar de debate sobre a reforma da Previdência na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Caetano afirmou que o governo está aberto a analisar mudanças no texto original, mas repetiu que uma flexibilização muito grande da proposta de emenda constitucional comprometeria seus ganhos e exigiria a discussão de uma nova reforma futuramente.

>40% não se preparam para se aposentar

"Se houver ao longo do caminho muita diluição em relação ao que foi proposto originalmente, o gasto da Previdência vai crescer bastante e vai haver muita dificuldade em se pagar o beneficio lá na frente", advertiu.

Caetano evitou comentar quais pontos do texto original o governo estaria disposto a negociar. "Temos que receber as contrapropostas para saber o que vai ser feito", afirmou.

Equalizar idade mínima

Questionado se o Planalto poderia ceder na intenção de equalizar em 65 anos a idade mínima de aposentadoria tanto dos homens quanto das mulheres, ele respondeu que a unificação das idades é uma tendência internacional, e o governo está trabalhando para isso.

Disse ainda que a soberania do Congresso em definir a velocidade de tramitação e alterações no projeto será respeitada. Porém, ressaltou o interesse do Planalto em manter "o máximo possível" da proposta original.

"Se começarmos a mudar muito, podem-se arrefecer bastante os ganhos e forçar uma reforma muito forte lá na frente", afirmou Caetano.

O secretário voltou a dizer que o ideal seria a aprovação completa da reforma da Previdência no Congresso ainda no primeiro semestre deste ano.

Sobre como irão ficar as regras de aposentadoria dos militares, não incluídos no projeto encaminhado à Câmara, ele respondeu apenas que esse é um tema a ser discutido.

Aprovação

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, também reforçou nesta sexta-feira que a reforma da Previdência deve ser aprovada até 30 de junho e que as mudanças na legislação trabalhista devem acontecer ainda antes desse prazo.

Ele defendeu novamente a necessidade da alteração das regras da aposentadoria e disse acreditar que a baixa popularidade do tema entre a população não deve atrapalhar sua aprovação, embora admita que irá encontrar resistência. "Essa mudança também atinge os parlamentares, que vão para o regime geral, então vai ter resistência", ponderou Padilha.

Reforma 'precificada'

O ministro-chefe afirmou ainda que a reforma da Previdência "já está precificada".

"O valor das ações de Petrobras, do Banco do Brasil, da Eletrobras, a variação da Bolsa de Valores, tudo isso considera a reforma já aprovada, já com ajuste fiscal. Isso também tem que ser considerado por aqueles que olham com uma visão mais equidistante", ressaltou.