Os imóveis a serem lançados em Fortaleza ao longo de 2024 devem ficar pelo menos 5% mais caros em comparação com os valores observados nos nos três primeiros meses deste ano.
A projeção é de Patriolino Dias, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) durante a apresentação dos resultados do mercado imobiliário no 1º trimestre deste ano. O fenômeno deve ser observado tanto na Capital quanto na Região Metropolitana da cidade (RMF).
Segundo Patriolino, "a tendência é sempre aumentar" os preços em virtude principalmente do custo do aço, que durante a pandemia teve uma alta na oferta disponível, situação que veio arrefecendo com o passar dos anos.
O aço teve um pico gigante em 2020, mas esse ano eles já falam que vão, até por conta do dólar, reajustar alguma coisa. É lógico que isso aí será repassado. A gente preferia que não aumentasse. Não se teve tantos lançamentos e o estoque diminuiu bastante, principalmente do médio-alto padrão, você vai ver que o preço vai crescer. Diria que é algo em torno de pelo menos 5% de aumento real.
Esses números, no entanto, podem ser revisados, de acordo com Patriolino Dias, em virtude de dois motivos principais. Um deles é a progressiva queda na taxa básica de juros no Brasil, a taxa Selic. Desde agosto do ano passado, o índice reduziu 2,5 pontos percentuais — com tendência de maior queda nos próximos meses, reaquecendo o mercado.
Além disso, o presidente do Sinduscon-CE também condicionou os 5% de alta no preço dos imóveis a uma eventual maior oferta de crédito disponível para os consumidores comprarem os próprios imóveis. Programas como o Entrada Moradia Ceará e o Minha Casa, Minha Vida, devem trazer certo impacto.
Médio e alto padrão dominam lançamentos no 1º trimestre
Ao contrário dos três últimos trimestres de 2023, entre janeiro e março deste ano, o número de novas unidades lançadas caiu. Ao todo, foram 1.542 lançamentos, todos em empreendimentos verticais, conforme o levantamento do Sinduscon-CE. Isso representa uma queda de 35,6% em relação ao quarto trimestre de 2023.
Embora ainda haja enfoque nas unidades de padrão econômico (até R$ 350 mil), o grande destaque de janeiro a março deste ano foram os lançamentos de médio e alto padrão, que ficam na faixa de preço que abrange as classes A, B e C.
"No pós-pandemia, as pessoas da classe média ficaram com receio de adquirir imóvel, então aguardaram o momento até porque a Selic estava muito alta. Geralmente as pessoas moram em algum lugar, seja alugado, próprio, e querem fazer um upgrade no imóvel. A gente enxerga que o momento é esse, a gente vê um crescimento das pessoas de classe média buscando adquirir o imóvel", avalia Patriolino Dias.
Com a redução nos lançamentos e mais imóveis de padrão médio e alto entre as novidades do mercado imobiliário, o Valor Geral de Vendas (VGV) subiu consideravelmente em Fortaleza nos três primeiros meses de 2024. Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, a alta foi de 35,3%, saltando de R$ 833 milhões para R$ 1,12 bilhão.
Apesar da perspectiva de alta no valor dos imóveis neste ano, Patriolino Dias acredita que os próximos lançamentos seguem a tendência que vem desde a pandemia: primeiro com o que ele define com o "altíssimo padrão", representados pelos empreendimentos de luxo, depois os econômicos e agora as moradias para as classes média e alta.
"Em 2020–2021, foram os empreendimentos de altíssimo padrão que tiveram o ápice, juntamente com os de segundo moradia, que não deixam de ser para pessoas de poder aquisitivo alto. A gente sempre teve a base da pirâmide comprando bem e, no último ano, com o novo programa 'Minha Casa, Minha Vida', tem um crescimento. A gente espera que o ano 2024 seja um ano ótimo para a construção civil, a gente já vê o aumento de procura das pessoas nos estandes", finaliza.