Influenciado pelas reduções operadas pela Petrobras e também pela nova alíquota do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o preço da gasolina no Ceará vem caindo sucessivamente nas últimas semanas. Mas será que depois de tantos cortes, ainda há espaço para o combustível ficar mais barato? Veja o que esperam os especialistas no tema.
Na última segunda-feira (15), a Petrobras anunciou mais um corte de 4,8% no preço da gasolina que é vendida nas refinarias - a terceira queda operada pela estatal em menos de um mês -, o que deve refletir no preço ao consumidor final.
Na quarta-feira (17), a gasolina chegou a ser vista a R$ 5,17 na Capital cearense após as sucessivas quedas anunciadas pela Petrobras.
Essas reduções visam alinhar o preço da gasolina internamente ao preço de paridade de importação, que uma média dos preços praticados nos países europeus e nos Estados Unidos.
Como a política da Petrobras visa acompanhar os preços no mercado internacional, se os preços caem externamente, devem cair internamente. O barril do petróleo, que chegou a US$ 120 há seis meses, hoje está na casa dos US$ 90, contribuindo para que a Petrobras anuncie as quedas.
Para o consultor na área de Petróleo e Gás, Bruno Iughetti, o preço do barril do petróleo e o dólar são fatores que indicam uma tendência de redução do preço da gasolina internamente.
"O preço do petróleo cru está com baixa volatilidade. Isso, aliado ao câmbio, abre espaço para que a Petrobras venha a proceder novas reduções de preço", explica Bruno Iughetti.
Além disso, ele justifica que há espaço para novas quedas, já que o preço da gasolina no Brasil ainda está 25% acima do preço de paridade de importação. A gasolina no Brasil é a 46ª mais barata do mundo, segundo levantamento da Global Petrol Prices publicado pelo colunista Victor Ximenes.
De acordo com o Índice de Preços Ticket Log (IPTL), levantamento da Ticket Log nos postos de combustíveis, a gasolina no Ceará era vendida a, em média, R$ 6,86 em julho. No mês anterior, junho, o combustível custava, em média, R$ 7,82.
Isso reflete uma queda de R$ 0,96 de um mês para o outro.
A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis divulga semanalmente os preços mínimos, máximos e a média nas cidades e estados, mas desde o início deste mês o sistema está fora do ar após tentativa de um ataque hacker ao site da ANP.
A divulgação mais recente da ANP indicava um preço médio de R$ 6,01 para a gasolina, conforme levantamento feito entre 24 e 30 de julho. O preço mínimo até então era R$ 5,59.
Guerra na Ucrânia
Iughetti pontua, contudo, que a Petrobras tem agido com certa prudência em relação aos cortes.
"Nós não podemos afirmar que o preço do petróleo continuará em queda daqui em diante, por causa da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O recrudescimento dessa guerra pode refletir no preço do petróleo cru e isso não seria bom", explica o especialista.
O conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, avalia que as políticas de incentivo à recuperação econômica chinesa podem reverter a tendência de queda no preço do petróleo internacionalmente.
"Esse cenário de recuperação da atividade chinesa pode elevar um pouco o preço do barril no quarto trimestre deste ano", diz Coimbra. Ele acredita, porém, que pode haver novas quedas nas próximas semanas, mas reitera "que essa tendência pode não se manter até o fim do ano".