Com uma relação comercial de pouco mais de US$ 5,2 milhões em 2017, somando exportações (US$ 2,73 milhões) e importações (US$ 2,48), Ceará e Noruega estudam oportunidades de parcerias nas áreas de pesca e aquicultura e de energias renováveis no Estado. Na manhã de ontem (25), uma comitiva do país escandinavo se reuniu com representantes do Governo do Estado e da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) para avaliar possíveis investimentos.
"Estamos aqui para conhecer um pouco mais o Ceará, avaliar as oportunidades, e estreitar os laços entre Noruega e o Estado, para que fiquem mais fortes", disse Sissel Hodne Steen, cônsul geral da Noruega no Rio de Janeiro, durante a reunião. "Estivemos aqui no ano passado, em um seminário sobre aquicultura, e a gente viu que há oportunidades de aprofundar realmente a ligação com a Noruega".
Segundo a cônsul geral, a ideia da comitiva, chamada de Team Norway, é diversificar a presença norueguesa no Brasil no setor de pesca e aquicultura e, sobretudo, no segmento de energia renováveis. Após a visita à Fiec, a comitiva se reuniu, no período da tarde, com representantes do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), para tratar de possíveis linhas de financiamento para eventuais parcerias.
Pescados
Em 2017, o Ceará importou da Noruega US$ 718,3 mil em peixes, crustáceos, moluscos e outros, sendo este o segundo item mais importado pelo Estado daquele país. E, de janeiro a maio deste ano, o Ceará já importou US$ 703,7 mil de pescado, sendo este o principal item da pauta de importação cearense no ano. "O mar, para a Noruega, é muito importante. Historicamente, a pesca tem sido o setor mais importante da nossa economia, e continua sendo muito importante para nós. Agora estamos buscando oportunidades na área da aquicultura", disse Steen.
Presente na reunião, o secretário da Agricultura, Pesca e Aquicultura do Estado, Euvaldo Bringel, apresentou aos noruegueses oportunidades tanto na pesca de água salgada, sobretudo a do atum, como na de fabricação de embarcações de pesca.
"Apesar de tradicionalmente a lagosta ser um dos principais itens de exportação do Estado, mais recentemente, a área de produção do atum tem apresentado grandes oportunidades com o beneficiamento, ou na área de atum enlatado", disse. Atualmente, o estado produz cerca de mil toneladas por mês, com a pesca artesanal. O valor que pode multiplicado com novos investimentos na área.
Fontes renováveis
Embora o volume comercializado entre as duas partes ainda seja pequeno, se comparado aos outros parceiros internacionais do Ceará, a Noruega é o oitavo maior investidor no Brasil, com forte presença na área de petróleo e gás. Em outubro do ano passado, as empresas norueguesas Scatec Solar e Equinor iniciaram a construção de uma usina solar no município de Quixeré com capacidade de 163 MW, cujo investimento total é estimado em US$ 215 milhões. A expectativa é de que o empreendimento seja concluído até o final deste ano. "Se a gente tem de pensar na área de energia renovável, é claro que o Nordeste, incluindo o Ceará, é bem importante nesse sentido", destacou Steen.
O coordenador do Núcleo de Energia da Fiec, Joaquim Rolim, apresentou à comitiva tanto o potencial eólico como solar do Estado, destacando a capacidade de escoamento de energia no Estado. "Como temos uma grande concentração de usinas, há uma maior facilidade de escoamento dessa energia para novos projetos", disse.
Cipp e hub
Também foi apresentado aos noruegueses, os benefícios para investimentos na Zona de Processamento de Exportações (ZPE), no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) e a parceria com o Porto de Roterdã, que deve ser anunciada pelo governo em breve. A diretora de Atração de Investimento da Agência de Desenvolvimento do Estado (Adece), Beatriz Bezerra, destacou a situação boa fiscal do Ceará, que hoje é o estado com o maior percentual de investimento em relação ao PIB. "É importante ressaltar que com o hub aéreo, com os voos da Air France e KLM, abriu-se a possibilidade do Ceará aumentar as exportações de rosas, lagosta viva e peixes ornamentais", disse Bezerra.
A programação da comitiva também inclui visitas institucionais ao Cipp, ZPE e Ecofor. Além da Cônsul geral, o Team Norway é composto por Stein-Gunnar Bondevik, cônsul comercial e diretor do Innovation Norway, e Adhemar Freire, country manager da Norwegian Energy Partners, organização norueguesa de promoção de negócios no setor de energia.