Metrofor: TCU mantém retenção de recursos

Processo autuado em 2006 foi julgado no último dia 5. Mérito de possível sobrepreço ainda vai ser analisado

Findas as obras da Linha Sul do Metrô de Fortaleza, iniciadas em 1998, o Tribunal de Contas da União (TCU) ainda analisa irregularidades da obra que implicaram em sobrepreço da ordem de R$ 51 milhões, conforme detectado pela corte em 2006. Na última quarta-feira (5), o TCU decidiu reclassificar a infração, mas o processo que culminará na decisão definitiva do mérito quanto ao possível sobrepreço ainda será julgado.

Na última quarta, a corte decidiu pela permanência da determinação à Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) quanto à retenção de recursos, devido à persistência das irregularidades.

Estas, por sua vez, devem ser analisadas em Tomada de Contas Especial, autuada em 2012, para quantificar corretamente os valores pagos a mais e ressarcir os cofres públicos, mas que ainda está sem deliberação.

O órgão também alterou o índice de irregularidade com recomendação de retenção parcial de valores (IGR) da obra, como estava anteriormente, pelo índice de irregularidades graves com recomendação de continuidade (IGC). A medida levou em conta que a obra já está concluída, mas sem revogar pedidos de retenção cautelares determinadas anteriormente, servindo apenas para fins de comunicação com o Congresso Nacional.

O relator da matéria, ministro Augusto Nardes, optou por não acolher as recomendações da unidade técnica do órgão quanto a impropriedades detectadas no prazo de validade e na sistemática de atualização monetária das apólices de seguro-garantia apresentadas pelo Governo para garantir as retenções de repasses. A decisão foi acompanhada pelo plenário do Tribunal.

Conforme análise da unidade técnica do órgão, as apólices não possuiriam prazo de validade vinculado à decisão definitiva do TCU, como deveria ser, mas à validade do contrato.

Valores

Outro problema apontado é que os valores segurados não estariam sendo reajustados conforme sistemática de atualização aplicável aos débitos apurados nos processos do órgão, mas pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).

O ministro Augusto Nardes argumentou que novas informações deram conta de que as apólices de garantia apresentadas foram renovadas até 31 de março do próximo ano e possuem objeto vinculado à Tomada de Contas Especial.

Em maio último, novo processo foi autuado para, segundo informou o TCU, verificar se a retenção de pagamentos ao consórcio responsável pela obra, determinado cautelarmente em 2009, foi obedecido. A nova ação tramita ainda sem deliberações, mas, como a apreciação do processo na última quarta verificou, problemas continuam existindo nessa matéria.

Procurado, o Metrofor afirmou que o processo é uma auditoria de rotina do TCU e informou ter fornecido todas as informações solicitadas pelo órgão. Dentre elas, esclareceu que o acórdão 2450/2009, que trata das retenções, está sendo cumprido dentro das determinações legais. "Toda a documentação que comprova o cumprimento do acórdão foi apresentada", informou em nota.

Linha Leste

Além dos questionamentos à Linha Sul, persiste a indefinição quanto à continuidade das obras da Linha Leste, paralisadas no início deste ano, por conta de uma reformulação societária articulada pelo consórcio Cetenco-Acciona, que executava as obras. A empresa espanhola Acciona Infraestructuras solicitou permanecer, isoladamente, na execução contratual, mas o pleito continua em análise pela Procuradoria Geral do Estado do Ceará (PGE).

De acordo com a Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra), a expectativa é que até o final deste mês os trabalhos de implantação da Linha Leste sejam reiniciados. Por enquanto, o órgão afirma estar adotando, de forma cautelosa, as medidas necessárias para retomada das obras de implantação da linha que, conforme o projeto, terá 13 km de extensão, sendo 12 km subterrâneos e 1 km em superfície, ligando o Centro ao bairro Edson Queiroz.

Yohanna Pinheiro
Repórter