Mais 200 mil motos saíram por consórcio no CE em dois anos

Participação desta modalidade no Ceará supera a média nacional e representa uma alta de 4,9% ante 2013

A participação dos consórcios nas vendas de motocicletas tem aumentado no Ceará. Em 2014, o número de veículos de duas rodas vendidas através da modalidade aumentou 4,9% em relação ao ano anterior. De acordo com a Assessoria Econômica da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), em 2013 os consórcios eram 52,7% dos casos de vendas de motos. Em 2014, a porcentagem saltou para 57,6%.

A porcentagem apresentada pelo mercado cearense supera a média nacional. No País, 53,9% das vendas de motos em 2014 foram por consórcios. No ano de 2013, a participação era de 46,5%. O Estado tem se destacado no mercado de venda de motocicletas de maneira positiva. Somente nos últimos dois anos, mais de 200 mil novos veículos duas rodas foram registrados e passaram a circular pelas ruas. Em 2014 foram contabilizadas 1.248.642 motos contra 1.048.571 em 2012.

A Região Nordeste como um todo, registrou 61,6% de participação no ano passado. No ano anterior, os consórcios corresponderam a 55,6% das transações para compra de motos.

Retração de 12%

Em contrapartida, no primeiro bimestre deste ano de 2015, as vendas de consórcios dos veículos de duas rodas em todo o País apresentaram retração de mais de 12% em relação a igual período do ano anterior.

De acordo com a Abac, foram cerca de 188 mil novos consórcios de motos firmados entre janeiro e fevereiro deste ano. Nos dois primeiros meses de 2014, 215 mil cotas haviam sito negociadas. A redução foi de 12,6% vendas a menos. Apesar dos dados, o Brasil bateu recorde no total de consórcios contratados. A média diária de 10,3 mil adesões registradas em janeiro e fevereiro de 2015 foi 4,6% maior que as 9,85 mil contabilizadas no primeiro bimestre de 2014.

O total de participantes ativos atingiu 6,26 milhões em todo o Brasil, em fevereiro. Com 7,6% mais que os 5,82 milhões daquele mês no ano passado, o volume também bateu o recorde histórico da modalidade.

Crédito encolheu

O volume de créditos comercializados, no acumulado do período dos dois primeiros meses do ano, também encolheu. Entre janeiro e fevereiro de 2014, R$ 2,37 bilhões foram negociados. Já em 2015, em igual período, o valor caiu para R$ 2,09 bilhões, uma retração de 11,9%.

Para o presidente da Abac, Paulo Roberto Rossi, ainda há motivos para comemorar os números obtidos no primeiro bimestre. "Apesar da retração, o País apresentou crescimento no número de participantes ativos em consórcios. Hoje estamos tendo volume, as cotas continuam sendo vendidas, comercializadas todos os meses. O volume de formação de grupos está sendo maior que o de encerramento. A entrada de clientes tem sido maior que a saída", comentou.

Segundo Rossi, o momento de instabilidade econômica influenciou no resultado final do período. Contudo, o presidente da Abac se mantém otimista quanto ao futuro do mercado a médio prazo.

"A gente entende que esse é um momento passageiro, há uma grande oportunidade para os consumidores pensarem a médio e longo prazo. Acreditamos que a crise vai passar logo e o consumidor deve se preparar para encarar momentos melhores. Já passamos por várias crises econômicas e percebemos que logo após vem momentos de bonança", afirmou.

Continua uma boa escolha

As vantagens de um consórcio, conforme Rossi, atraem e satisfazem os clientes. Desta forma, o presidente lista os motivos que fazem da modalidade ainda uma boa escolha. "A prestação é relativamente baixa, cabe no orçamento. Os prazos giram em torno de 50 a 60 meses. Dificilmente se consegue um financiamento com esse prazo tão longo. Consórcio oferece essa vantagem, com a possibilidade de ele ser contemplado pelo sorteio a qualquer momento ou oferecer um lance. O custo de consórcio é bastante acessível e ele tem o poder de quem compra à vista", enfatizou.

Mercado

Para quem atua diretamente no dia a dia com o consumidor, a constatação é direta: o mercado está retraído, mas o consórcio é a esperança. O gerente da Sam Motos Yamaha, Thiago Viana, relatou que observou redução nas vendas de 12% neste ano, em comparação com 2014.

O gerente comercial da Fort Motos Honda Messejana, Robério Rayol, acompanhou o discurso, mas disse vislumbrar melhoras em breve. Os dois, contudo, concordam que os consórcios são a melhor alternativa para os clientes e para os empresários. Viana relata as dificuldades de financiamento como motivo.

"Para obter um financiamento, o cliente tem de ter um perfil muito bom. Hoje, só se financia com 20% de entrada e em no máximo 36 vezes. Só temos três opções de bancos. Então, o consórcio é o futuro para a sobrevivência (do mercado), é o futuro do ramo de duas rodas", afirma Viana. Rayol concorda, enfatizando que o consumidor é atento aos benefícios da modalidade.

Levi de Freitas
Repórter