Deixar de pagar aluguel ou mudar de bairro, cidade e até estado estão entre as motivações de quem busca comprar um imóvel residencial. Buscando concretizar o sonho da casa própria, cearenses procuram melhores condições na Mega Feira da Casa Própria, que deve movimentar R$ 50 milhões em 6 dias ao reunir imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida e de alto padrão.
A assistente de loja Eduarda de França é uma das que teve crédito aprovado para financiar um apartamento em Fortaleza. Ela vai sair da casa dos avós para morar com o noivo e quer começar a nova etapa da vida em um imóvel próprio.
"Meu sonho é olhar e dizer 'é meu, isso aqui é meu, é minha moradia'. Faz um quatro anos, desde que comecei a namorar, que planejamos a guardar uma certa quantia por mês e dar uma entrada em um apartamento. Quando esse feirão veio, a gente olhou e viu a oportunidade", conta.
O casal procura financiar um apartamento na região da Praia do Futuro, bairro em que a assistente de loja já mora. Com o planejamento financeiro, eles buscam adquirir um imóvel entre R$ 200 mil e R$ 230 mil.
Quero pagar quanto antes possível, mas eu tenho na cabeça que se for para eu morar de aluguel até a morte, vai ser para sempre. Então se eu ficar para sempre pagando o imóvel, vai ser uma coisa que vai ser minha ou herdada para meus filhos e netos
O aposentado Juraci Ferreira Martins, morador de Camocim, no litoral oeste do Estado, está em busca de um imóvel para voltar a residir em Fortaleza a pedido da esposa. Interessado em se mudar até o fim do ano, ele procurou o feirão pela variedade de imóveis.
“Eu morava no Antônio Bezerra, tinha imóvel, só que vendi e fui embora. Aí agora estou retornando. Estou querendo um apartamento pronto, de repente aqui encontramos um negócio bom”, espera.
Imóveis abaixo de R$ 300 mil e loteamentos são destaques na Feira
Ao todo, 12 mil unidades estão à venda na Mega Feira da Casa Própria, realizada desde a última quarta-feira (30) no shopping RioMar Fortaleza e segue até a próxima segunda-feira (4). Os valores dos imóveis são diversos, mas a principal procura é para primeira moradia.
A dona de casa Aurilene Carneiro mora no bairro Monte Castelo, em Fortaleza, e está buscando o primeiro imóvel próprio. Após morar de aluguel durante toda a vida, ela e o filho compareceram à feira em busca de imóveis de até R$ 250 mil, com possibilidade de financiamento por programas como Minha Casa, Minha Vida e Entrada Moradia.
"Vim porque quero adquirir minha casa própria. Onde moro, o aluguel está muito caro, e quero ver se dá certo. Estou olhando imóveis na Messejana, que é o que mais bate com a minha renda e a do meu esposo, mas também tem na Barra e na Francisco Sá. (…) Espero que dê certo e que eu consiga mais perto do Centro", diz.
De acordo com dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), a expectativa é "fechar negócios na ordem de R$ 50 milhões nos seis dias de evento", principalmente com imóveis para clientes que vão adquirir a primeira casa própria.
"O perfil do cliente é bem variado. Mas, prevemos que a maioria busca a primeira moradia, de preferência, podendo utilizar os benefícios Minha Casa Minha Vida e Entrada Moradia", acrescenta o sindicato.
A situação é reforçada por Izequiel Ferreira, superintendente Norte-Sul da Caixa Econômica Federal no Ceará. Segundo ele, "condições especiais a partir do programa Minha Casa, Minha Vida" podem auxiliar os clientes cearenses a comprarem o primeiro imóvel próprio.
"Temos taxa de juros a partir de 4% ao ano em até 35 anos para pagar. Aqueles que têm renda de até R$ 4,4 mil, podem receber subsídios de até R$ 55 mil do Governo Federal e R$ 20 mil do Governo do Estado pelo Entrada Moradia. É uma oportunidade para o consumidor vir e conseguir seu imóvel", comenta.
Até mesmo loteamentos de médio padrão, com valores a partir de R$ 68 mil, estão disponíveis na Mega Feira no RioMar Fortaleza. Empresas como Terra Brasilis e Terra Vivare oferecem condições simplificadas, sobretudo nas cidades da Região Metropolitana da capital cearense.
FINANCIAMENTO COM A CAIXA PASSA A EXIGIR ENTRADA MAIOR
As regras de financiamento imobiliário pela Caixa Econômica Federal passam por mudanças a partir desta sexta-feira (1º), com uma maior restrição aos clientes. O valor de entrada necessário para a contratação será maior a partir de agora.
No sistema de amortização constante (SAC), a entrada subiu de 20% para 30% do valor do imóvel. Ou seja, o porcentual que poderá ser financiado caiu para 70%.
Já pela tabela Price, em que o imóvel é financiado com parcelas fixas, a entrada aumentou de 30% para 50%. Allisson Martins, economista e professor dos Cursos de Economia e Finanças da Unifor, explica que a mudança requer uma economia maior das famílias.
“A principal mudança consiste na necessidade maior de recursos a serem dados de entrada, uma vez que o percentual de financiamento foi reduzido. A prestação, por sua vez, será até mais baixa quando comparado a situação anterior, em razão do valor menor a ser financiado”, explica.
O especialista aponta que o valor de entrada deve ser o grande limitador para a aprovação ou não dos financiamentos imobiliários a partir de agora.
“A necessidade de poupar, se torna ainda mais importante, pois o sonho da casa própria, somente será viabilizado com os valores de entrada mais significativos”, diz.
A Caixa também limitou o valor máximo de financiamento de imóveis pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Todas as modalidades terão teto de R$ 1,5 milhão.
Até então, apenas o crédito pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que tem juros mais baixos, era restrito a imóveis de R$ 1,5 milhão.
As alterações nas cotas de financiamento e a limitação no valor do imóvel se aplicam para financiamentos contratados a partir desta sexta-feira (1º). As regras são se aplicam às unidades habitacionais de empreendimentos financiados pelo banco.
LIMITAÇÃO DE RECURSOS PELA CAIXA
Outra medida anunciada pela Caixa é que os clientes não poderão ter mais de um financiamento habitacional ativo com o banco. A instituição financeira justificou o endurecimento das regras com problemas no orçamento.
Até setembro, foram concedidos R$ 175 bilhões em crédito imobiliário, 28,6% a mais que no mesmo período do ano passado. Ao todo, foram 627 mil financiamentos de imóveis.
A Caixa, responsável por quase 70% do mercado imobiliário, ressaltou que estuda medidas para atender a demanda excedente de financiamentos habitacionais.
Entre os motivos para as restrições na concessão de crédito habitacional, está a diminuição dos recursos da caderneta de poupança - uma das maiores fontes para as linhas de crédito habitacional destinadas à classe média.
Os recursos da poupança vem perdendo espaço no crédito imobiliário, saindo de 46% do total do fundo em 2021 para 34% em 2023, segundo dados da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário (Abecip).