Com preços competitivos no exterior, o trigo puxou as importações do Estado do Ceará em maio deste ano com a soma de US$ 18,5 milhões, 56,2% a mais que em igual mês do ano passado. Em março, as importações de trigo pelo Brasil atingiram o maior nível em 21 anos, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). As importações cearenses apresentaram um aumento de 46,38% no quinto mês do ano em comparação a igual período de 2016.
Em comparação a outros estados do País, o Ceará é o 13º em valores de importação nos cinco primeiros meses do ano, com o total de US$ 931,5 milhões. São Gonçalo do Amarante, que abriga o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), continua sendo a cidade com a maior participação (41%) no ranking dos municípios cearenses importadores, somando US$ 381,8 milhões, seguido por Fortaleza (US$ 183 milhões) e Maracanaú (US$ 109 milhões).
Em maio, destacaram-se ainda os resultados dos municípios de Tianguá e Eusébio, que tiveram aumentos respectivos de importação de 398% e 139,2% quando comparado com a atividade do ano anterior.
Enquanto Tianguá importou US$ 8,5 milhões em maio ante US$ 1,8 milhão em igual mês de 2016, Eusébio passou de US$ 7,8 milhões no ano passado para US$ 18,6 milhões em 2017, ficando na sexta posição da lista de municípios importadores.
Desenvolvimento
Ana Karina Frota, superintendente do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN/CE), ressalta a importância das importações para o fornecimento de matéria prima e de maquinário para ampliar a vantagem competitiva do mercado no Estado.
"Considerando o cenário de crise econômica que temos hoje, por mais que a balança comercial ainda não esteja superavitária no acumulado do ano, se percebe o desenvolvimento industrial do Estado".
No acumulado do ano, "combustíveis e óleos minerais" lidera entre os setores na importação, com US$ 354,2 milhões, crescimento de 38,9% ante igual período de 2016. Em seguida, aparece o segmento de "cereais", que passou de US$ 67,2 milhões a US$ 93,2 milhões nos primeiros cinco meses deste ano, aumento de 38,7%. "Máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos" ficou na terceira posição, com US$ 75,7 milhões - recuo de 18,8%.
Participações
Outros destaques se relacionam aos elevados aumentos na participação de "algodão"; "ferro fundido, ferro e aço"; "produtos químicos diversos" e "gorduras e óleos animais/vegetais" nas importações, respectivamente em 443,8%; 251,4%; 150,4%; e 95,6%, se comparados ao mês de maio do ano de 2016. Na contramão, o setor de "produtos químicos orgânicos" registrou queda de 32,4%.
Fornecedores
Ana Karina Frota destaca a diversificação de países que têm fornecido materiais para o Estado, que antes não eram tão significativos. Chamam a atenção os elevados aumentos registrados por Austrália (627,9%); Canadá (272,6%); Nigéria (86,5%); e Estados Unidos (77,2%) - este último posicionando-se como o segundo maior país de origem das importações do Estado.
A China foi a principal origem das importações cearenses no acumulado de 2017, com aproximadamente US$ 155,8 milhões e crescimento de 17,9% em relação a 2016.
"Antigamente, as importações da China não tinham tanto valor agregado, mas hoje, principalmente máquinas, há equipamentos de excelente qualidade. Antes vinham da Europa, mas hoje podem ser encontradas em qualidades semelhantes e bem mais barato na China", indica.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias do Trigo nos estados do Pará, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte (Sindtrigo), Roberto Macêdo, o Estado é extremamente relevante a nível de atuação no setor e, dada a grande quantidade de moinhos, há a necessidade de ampliação da aquisição do produto.
"O Nordeste todo trabalha na cultura do importado. Os moinhos do Norte e Nordeste recebem o trigo da Argentina, dos Estados Unidos, do Canadá e outros países. Somos o segundo maior polo do Brasil, com a maior concentração de moinhos do Norte e Nordeste. E está sendo construído mais um moinho, junto à Fábrica Fortaleza. Isso faz com que se necessitasse de mais trigo, aumentando o volume a ser importado", explicou.
Macêdo ressaltou ainda a importância do setor para a geração de renda e para o desenvolvimento do Estado.
"Vendemos os produtos derivados do trigo para o mercado interno e para Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Bahia, Tocantins e até outros territórios, como Rio Grande do Sul. Somos um Estado exportador de derivados de trigo como farinha, biscoito, macarrão. E isso é bom para o Estado, pois dá renda à mão de obra, e os produtos do Ceará podem ser encontrados no País".
Superávit
As exportações cearenses apresentaram em maio deste ano alta de 117,2% em relação ao mês anterior, alcançando US$ 205,4 milhões. Como resultado dessas movimentações, o Ceará registrou balança comercial superavitária em US$ 23,8 milhões em maio. As informações são do estudo Ceará em Comex, elaborado pelo Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).