O Ceará já inicia o ano com uma série de novos investimentos previstos e protocolos de intenção a serem assinados. Diversas áreas devem ser contempladas, como o já promissor hub de hidrogênio verde, assim como a produção de embalagens, o comércio exterior, a montagem de placas solares, entre outros segmentos.
As operações podem propiciar uma forte geração de emprego e renda que, combinados com os aportes privados e públicos, podem puxar o crescimento da atividade econômica local acima da projeção de 1,25% do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) para 2022, caso a campanha eleitoral não atrapalhe o planejamento.
A avaliação é do secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado, Maia Júnior.
Hidrogênio Verde
Durante cerimônia de lançamento do Ceará Veloz 3 na nova sede da secretaria, o titular da Sedet revelou que outros dois protocolos de intenção para o hub de hidrogênio verde já estão concluídos e devem ser assinados até o início de fevereiro.
As duas empresas em questão são brasileiras, sendo uma cearense e a outra do Rio de Janeiro em associação com fundos de investimentos internacionais.
Ainda há negociação com outras três empresas do segmento em fase de finalização, sendo uma alemã e outra japonesa.
"Hoje, em investimentos privados, sem nenhuma euforia, a gente está perto de beirar para ser investidos nos próximos dez anos no Ceará algo em torno de R$ 100 bilhões", ressalta Maia Júnior.
Ele também destaca que, confirmados esses novos cinco protocolos, o Ceará terá 19 empresas de todos os continentes interessadas em se instalar no hub de hidrogênio verde do Pecém.
Entre os projetos já confirmados, o que está mais avançado é o da australiana Fortescue, que já reservou uma área de 100 hectares na Zona de Processamento para Exportação (ZPE-Ceará). A empresa planeja investir cerca de US$ 6 bilhões na produção de H2V.
Segundo Maia Júnior, os executivos da companhia devem realizar nova visita ao Estado ainda este mês para acertar detalhes finais e celebrar os pré-contratos.
"Os pré-contratos são a confirmação do investimento e depois vão começar a dar prosseguimento nos licenciamentos ambientais para poder iniciar a obra subsequente", detalha.
Offshore
Projetos ligados diretamente à produção de H2V, as usinas eólicas offshore previstas para o Ceará ainda aguardam a regulamentação da modalidade para seguirem com o licenciamento ambiental.
O titular da Sedet indica que a nova promessa do Ministério de Minas e Energia é anunciar a legislação até 15 de janeiro. O prazo já é uma prorrogação da data anunciada anteriormente de 21 de dezembro.
"Essa é nossa expectativa: que aconteça realmente, que o ministério solte essa regulamentação e o Ceará possa ter os licenciamentos que estão andando no Ibama de forma mais célere", pontua.
O secretário ainda critica a demora para a divulgação da resolução e alertou que a burocracia pode afastar investimentos estrangeiros.
"O empresário quer resposta rápida para as suas oportunidades: regulamentação, infraestrutura, capital humano, política de incentivo. Por isso que eu digo que o Ceará vive um momento bom e não pode ter retrocesso. Nós lutamos muito ao longo de 35 anos para permitir a gente sonhar um pouco maior"
Centro de Importação
Anunciado em julho do ano passado, o Centro de Importação que deve ser implementado pela Comexport Trading está "bastante avançado".
Conforme Maia Júnior, a expectativa é que já este ano o equipamento esteja funcionando com seus principais pilares, que é a cadeia de automóveis, com a importação de peças para a finalização de carros importados, e a montagem de placas solares com peças fabricadas na China.
Ele detalha que duas montadoras de painéis fotovoltaicos já assinaram protocolo de intenção, um deles com a própria Comexport e o outro com uma empresa de Santa Catarina. Ambas terão parceria com fornecedores chineses.
Quando atingir sua plenitude, o Centro de Importação deve movimentar R$ 14 bilhões por ano. Esse nível de atividade, no entanto, ainda não deve ser atingido em 2022.
Hub de gás natural
O titular da Sedet classificou como "bilhete premiado" o arremate no último leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) uma nova térmica que deve propiciar o desenvolvimento de um hub de gás natural.
A usina Portocém-1, que será instalada no Complexo do Pecém, demandará investimentos de R$ 4,2 bilhões ao consórcio vencedor, integrado por empresas estadunidenses.
O projeto, segundo Maia Júnior, também inclui uma estrutura de fornecimento de gás natural no Ceará e estados vizinhos, abrindo uma nova fronteira de oportunidades para a Companhia de Gás do Ceará (Cegás), por exemplo.
Confira a lista de investimentos previstos para 2022:
- Hidrogênio Verde: novos dois protocolos devem ser assinados até fevereiro e outros três estão em andamento
- Eólicas Offshore: a regulamentação da modalidade está prevista para 15 de janeiro, o que deve destravar o licenciamento ambiental e os aportes dos projetos já previstos no Estado
- Centro de Importação: implantação deve iniciar ainda este ano com a importação e finalização de montagem de carros importados e a montagem de placas solares
- Nova térmica: um consórcio estadunidense deve iniciar a preparação para a construção de uma nova usina termelétrica no Complexo do Pecém
- Fábrica de aviões: uma fábrica de aviões deve ser instalada no novo aeroporto de Sobral com investimento previsto de R$ 50 milhões
- Fábrica de embalagens: uma multinacional do ramo de embalagens deve investir US$ 78 milhões em uma nova fábrica em Maranguape