Aracati. A segunda maior base da TAM Aviação Executiva no País e a única do tipo no Nordeste deve ser também a primeira da empresa a realizar reparos e revisões em helicópteros, segundo revelou o diretor de Manutenção Roberto Fajardo. Por já comercializar modelos da Bell Helicopter, marca da Textron Inc., com a qual a companhia brasileira possui contrato de exclusividade, dotar a unidade de Aracati seria estratégico.
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O investimento, como compara o executivo, deve ser semelhante ao de US$ 700 mil e será aplicado também em treinamento de pessoal, compra e atualização de manuais, além da infraestrutura, o qual, "no meio da aviação executiva, acontece em um estalar de dedos". "Aqui seria o primeiro local para fazermos isso e, depois, São Paulo. Por que aqui? Porque é longe", afirma, voltando a apontar a distância como o maior diferencial do hangar de Aracati.
"Uma viagem de 3 horas ou 4 horas em um voo normal, de jato, é cansativa como 30 minutos ou 1 hora de helicóptero. É uma máquina para curtas distâncias. Se vendermos um helicóptero aqui, o cliente vai precisar voar 10 horas para ir até São Paulo fazer revisão. Nisso, ele já perde 20% das horas de voo somente para a manutenção. Então, é complicado e teria que ter um centro aqui para evitar esse desgaste e facilitar também a venda, pois na hora que o cliente fizer esta análise, ele acaba não comprando", explica Fajardo.
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Perfil do cliente
Os esforços da TAM AE, enquanto o planejamento para helicópteros não é executado, concentra-se somente na venda dos modelos da Bell para potenciais clientes do Norte e Nordeste. Assim como os proprietários de jatos, o perfil dos que optam por helicópteros da aviação executiva tem em grandes empresários e conglomerados industriais o principal público consumidor.
Nos últimos três anos, Fajardo conta que a liderança na compra de jatinhos saiu dos donos e executivos de empreiteiras para os profissionais ligados à agropecuária, principalmente, os com negócios e empreendimentos do Centro-Oeste do País.
Além deles, executivos de bancos, assim como industriais, também fazem parte do público alvo dos negócios conduzidos pela TAM AE que mais adere ao uso de jatinhos.
Também compõem a lista deste setor artistas, principalmente cantores, bandas ou duplas, que precisam se deslocar com mais agilidade entre os estados brasileiros, além de empresários em geral. "O interessante é que a maioria deles usa o jato exclusivamente para trabalho. Apenas dois ou três usam para lazer", afirma Fajardo.
Homologação internacional
Por conta da agilidade proporcionada pelos jatos executivos - até 20% mais rápidos que os da aviação comercial, além de enfrentarem menos tráfego por voarem em uma altura média de 51 mil pés, 11 mil a mais que a aviação convencional -, o diretor de Manutenção revela que outro projeto já é discutido pela direção da TAM AE com autoridades desde quando o centro de manutenção foi confirmado para Aracati. Trata-se de tornar o Aeroporto Dragão do Mar internacional.
De pista, o aeroporto possui 1,8 mil metros de comprimento por 30 metros de largura, com mais 400 metros de área de escape, totalizando 2,2 mil metros de comprimento.
A homologação pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), trazendo, posteriormente, unidades da Receita Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Policia Federal facilitaria os planos da companhia em tornar Aracati um ponto de partida e chegada da aviação executiva no Brasil. "A gente pensa em colocar todo jato que saia do Brasil rumo aos Estados Unidos ou que esteja lá e venha para cá passando por aqui, em Aracati", afirma.
Mais uma vez a localização do centro de manutenção surge como balizadora dos planos da companhia, uma vez que a distância média e o tempo de voo entre Brasil e Estados Unidos teria em Aracati uma base estratégica para pouso.
FIQUE POR DENTRO
Controle é 100% brasileiro
Fundada na década de 1960 e dirigida pelo piloto Rolim Adolfo Amaro, assim como a TAM Linhas Aéreas, a TAM Aviação Executiva foi separada oficialmente como empresa das demais concessionárias do grupo TAM na década de 1980. Com isso, a empresa não foi incluída na fusão com a chilena LAN, em 2010, mantendo-se controlada pelos herdeiros do comandante Rolim. Em 1982, a TAM AE passou a representar no Brasil a Cessna AirCraft Company, hoje do grupo Textron - maior fabricante do setor de aviações do mundo -, com o qual a TAM AE mantém contrato de exclusividade na venda e na manutenção das marcas Bell Helicopter, Beechcraft, Cessna e Hawker no País. Atualmente, possui quatro centros de manutenção em São Paulo, Minas Gerais, Brasília e Ceará, além de hangares pelo País.