Ceará no seleto grupo da manutenção de aviões

Hangar de Aracati completou um mês de operação na última semana, e já anunciou um investimento de US$ 700 mil para trabalhar com um novo modelo de jato

Escrito por Armando de Oliveira Lima - Repórter ,

Aracati. Empreendimento estratégico para as aspirações do Ceará no setor de aviação civil, o Centro de Manutenção de Aeronaves da TAM Aviação Executiva completou um mês de operação na última semana e passou a dotar o Estado de mais um elemento competitivo. O equipamento é o único do tipo no Nordeste e vai atender a demanda de proprietários de jatos executivos de toda a Região e mais o Norte, o que agrega valor aos planos do governo de ter todas as pistas de pouso concedidas à iniciativa privada e mais um hub aeronáutico de grande porte captado.

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O Diário do Nordeste teve acesso exclusivo ao hangar na última terça-feira (12), quando o diretor de Manutenção da TAM AE, Roberto Fajardo, informou do investindo de US$ 700 mil para a qualificação do pessoal, atualização e compra de manuais, além da aquisição de infraestrutura para a unidade de Aracati passar a atender dentro de dois meses os jatos King Air, da Textron - maior fabricante aeronáutico do mundo e parceiro com o qual a empresa brasileira fechou contrato de exclusividade para vender e reparar aeronaves.

Fajardo conta que, neste início, mantém vindas constantes ao Ceará para receber todos os jatos, prática também dos mecânicos e supervisores chefes das unidades da TAM AE em Jundiaí (SP), Belo Horizonte (MG) e Brasília. O objetivo é repassar a mesma credibilidade das outras unidades ao centro de manutenção cearense.

A estrutura do empreendimento, inclusive, é montada nesse intuito. De frente à pista de pouso e decolagem está a entrada dos proprietários, que tem uma sala VIP e duas salas de reunião. Na sala dos pilotos há uma janela de vidro de frente para a oficina onde ficam estacionados os jatos, pela qual eles podem conferir os reparos feitos nas máquinas. No entanto, a aposta de toda a equipe da TAM AE é que a competição com as praias é desleal.

Vantagens da localização

"Temos que trazer é o paulista para cá. Já conversei com vários dizendo que tinha de fazer manutenção em Aracati, porque já aproveita para ir para a praia, comer um peixe, um camarão, e teve um monte deles que ficou interessado", brincou Fajardo, destacando o potencial do empreendimento na atração dos clientes também pelos elementos naturais do Ceará.

Na prática, de acordo com números contabilizados por ele, há uma redução média de até 2h de voo quando os proprietários optam por Aracati, dependendo de onde parta o jato. Como a manutenção acontece a partir da contagem de horas de voos ou tempo, assim como os automóveis, sai mais barato para os nordestinos e nortistas trazer a aeronave para o Ceará, ao invés de São Paulo. Além disso, o executivo afirma ainda que todos os demais custos dos jatos executivos - seguro, piloto, combustível, manutenção, taxas aeroportuária e todos os impostos - são reduzidos m quando a distância percorrida é menor.

Crescimento versus crise

Com capacidade de atender, simultaneamente, um total de 50 aeronaves por dia - 35 cinco comportadas na estrutura coberta e as demais no pátio -, o hangar da TAM AE no Ceará realizou manutenção em apenas quatro até agora e, por enquanto, emprega apenas dez pessoas diretamente e mais dez terceirizadas. Porém, a empresa pretende, até o fim deste ano, multiplicar por quatro o número de funcionários no hangar - "50% deles para a oficina e os outros 50% para o escritório".

"O nosso plano de negócios não emplacou porque fizemos há uns três anos e, de lá para cá, boa parte dos aviões do Nordeste foi embora. Nós tínhamos previsto uns 30 atendimentos, mas acredito que vai ficar em 15 até dezembro. Tínhamos também previsto iniciar com 50 pessoas, mas a situação não deu para fazer isso", lamenta, apontando como motivo do arrefecimento do mercado a alta do dólar, que fez com que a compra e a manutenção dos jatos ficasse muito cara e estimulou a venda da frota brasileira para o exterior.

No entanto, o diretor de Manutenção garante que o investimento em Aracati deve obter bons resultados em breve. Para Fajardo, a economia deve virar no próximo ano e a retomada do setor de jatos e helicópteros deve acontecer.

"Convenceram a gente que aqui era o melhor negócio, e está sendo", garante, ao lembrar que os planos iniciais era instalar o centro em Caruaru (PE), mas optou por Aracati, onde a TAM AE foi pioneira, com o primeiro hangar do Aeroporto Dragão do Mar e bastante espaço para crescer.

Mapa da aviação mundial

Os planos da TAM AE é tornar Aracati, o segundo maior centro de manutenção da companhia, referência mundial no setor de aviação executiva. "Jundiaí, por exemplo, ninguém conhecia. Hoje, você vai nos Estados Unidos, na Europa, entre o pessoal do meio aeronáutico, todo mundo conhece. Você pega toda a literatura em inglês de aviação, Jundiaí está escrito lá. Agora, é Aracati que a gente vai colocar no mapa", garante.

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