Chegada de técnicos estimula desenvolvimento na região

Moradores de Aracati e funcionários da TAM AE passam a interagir e transformar a vida um do outro

Escrito por Armando de Oliveira Lima - Repórter ,

Aracati. Mais que um investimento como o da construção do hangar da TAM Aviação Executiva (AE), o desenvolvimento esperado para a região do Litoral Leste próximo a Aracati deve ser notado a partir da geração de emprego - de uma mão de obra bem qualificada e salário bem mais valorizado -, o que não é visto na velocidade esperada devido ao ritmo menor do setor, mas já começa a acontecer com os funcionários da companhia que foram de São Paulo e Fortaleza para Aracati.

>Ceará no seleto grupo da manutenção de aviões

>Qualidade é repassada por especialista de fora do CE

>Hangar deve ser o primeiro a atender helicópteros

São profissionais valorizados, cujo tempo de treinamento chega a 30% de toda a carga horária anual deles na empresa, vide o rigor com o qual é tratada a manutenção das aeronaves. Eles chegam ao Ceará na expectativa de estabelecer um novo padrão e estilo de vidas e transformam também o entorno das comunidades onde passam a viver.

"É a transformação do pensamento que eles trazem para cá, como queria o governo quando negociou com a gente há três anos", relembra o diretor de Manutenção da TAM AE, Roberto Fajardo.

Vidas novas

"O custo de vida aqui é muito bom. Minha esposa e eu já estamos instalados e fomos muito bem recebidos pelos pescadores lá da Comunidade da Vila da Volta, onde eu comprei um terreno de 1,2 mil metros quadrados que nunca ia achar igual em São Paulo. Moro numa pequena chácara, agora, e ainda tenho peixe a hora que quiser", orgulha-se o mecânico líder José Eduardo Bottos, após 25 anos de trabalhos corridos na aviação, dos quais 11 deles foram exclusivos na TAM AE. Em Aracati há mais de dois anos, ele foi conhecendo o local aos poucos, morando de aluguel, fazendo amizade com os moradores locais, até comprar o terreno e iniciar a construção da casa e, enfim, poder trazer a esposa.

Ela chegou há três meses, quando a operação do hangar estava prestes a iniciar e a volta dele já não era cogitada. Já os dois filhos continuaram em São Paulo para dar seguimento aos estudos universitários. Perguntado sobre o futuro profissional e pessoal dele no Ceará, Bottos mostrou que já está familiarizado com o estilo e com o pensamento cearense: "A gente tem que acreditar. Como o pessoal diz por aqui: vai dar tudo certo".

Laços consolidados

Tão familiarizado quanto o mecânico líder está o mecânico de manutenção uruguaio Alejandro Espina. Ele chegou ao Ceará em 2007 e, desde esta época, desempenhou serviços no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza. Há dois anos, ele foi recrutado na seleção que a TAM AE fez assim que confirmou o investimento no Ceará.

"Eu tinha oportunidade de ir para São Paulo, para o Aeroporto Campo de Marte, mas para quê? A qualidade de vida aqui é muito melhor. Estou noivo, comprei uma casa aqui em Aracati pertinho do trabalho", ressalta, garantindo que o tempo e o apego pelo Ceará afastou qualquer chance dele voltar ao Uruguai.

Os deslocamentos planejados por ele, atualmente, são os de Aracati a Fortaleza enquanto a noiva não termina a faculdade e também dos irmãos e dos dois filhos, que moram no país natal dele e devem vir passar férias em Aracati.

Fila de espera

Bottos e Espina fazem parte dos dez profissionais contratados diretamente pela empresa e estão longe da fila de espera de cerca de 50 pessoas, as quais foram recrutadas e treinadas durante dois anos pela TAM AE já na estrutura montada em Aracati.

Os mecânicos capacitados, segundo contou o diretor de Manutenção da empresa, foram selecionados entre outros que já moravam no Ceará para participar de um período de qualificação e, posteriormente, dependendo da demanda, serem contratados.

"Esse pessoal foi selecionado, não sei se eles estão esperando por a gente, mas são possíveis candidatos que devem ser contratados assim que a demanda aumentar", promete Fajardo, confiante na retomada do crescimento do setor.

Preferência por cearenses

O executivo destaca ainda que a preferência por profissionais que vivam no local onde funciona a base da empresa é regra em todas as regiões onde a TAM AE atua. Isso porque, segundo contou, "quando contrata-se gente de outros estados, a tendência é ele voltar para o Estado dele".

"O grande problema para a gente é sair uma pessoa. Nós investimos até US$ 80 mil para deixar a pessoa capacitada para trabalhar em um avião. Então, no momento em que ela vai embora, a gente perde esse dinheiro, pois quando pega outros profissional, tem que aplicar tudo novamente. Por isso a gente odeia esse troca-troca de profissionais", ressalta. (AOL)

Newsletter

Escolha suas newsletters favoritas e mantenha-se informado