Fraga: elevação de imposto é realista

Nova York. O novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é "pragmático e realista" ao sinalizar que pode elevar impostos. Mas, para o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, seria mais sábio centrar esforços em reformas (como a previdenciária e a trabalhista) e na desvinculação de receita para que o Brasil volte a crescer.

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"Eu, pessoalmente, não gosto da CPMF, acho que seria um aumento pequeno. O melhor seria focar na reforma da Previdência e (seguir) o caminho da desvinculação do orçamento", disse ontem, após café da manhã promovido pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, no Harvard Club, em Nova York. "Isso sim teria um impacto enorme, inclusive abrindo espaço para se criar governo mais eficiente. Aí é ganho-ganho, não ganho-perde".

Fraga se disse preocupado com o Plano Nacional da Educação aprovado pelo Congresso, que adicionará cinco pontos extras ao PIB. "É um número absolutamente inviável. Não há CPMF que resolva isso". Ele já havia criticado a proposta educacional minutos antes, a uma plateia de economistas e investidores. "Do ponto de vista orçamentário, isso é louco".

Apoio de centrais sindicais

Afirmou esperar que centrais sindicais cedam e apoiem mudanças na legislação que mexam com questões trabalhistas - como impor idade mínima para aposentadoria. "Os sindicatos precisam olhar esses números com cuidado e pensar no futuro do País, nas próximas gerações, em seus filhos e netos. Espero que apoiem (as reformas), isso é muito sério", destacou.

"Reconstruir" a Petrobras também será vital para estancar a crise econômica - e, para o sócio da Gávea Investimentos, isso pode incluir "vender áreas de negócios que não são parte do business principal da empresa".

Em sua opinião, a Presidência interina de Michel Temer pode colher frutos em breve. "Se o governo largar bem, já é possível no segundo semestre a economia dar alguns sinais de vida".