Em meio ao aumento de juros, o financiamento imobiliário registrou queda no Ceará no primeiro semestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2021.
De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) nesta quinta-feira (4), 6.133 unidades foram financiadas no Ceará de janeiro a junho de 2022, uma queda de 22,5% frente ao resultado do mesmo período do ano passado.
O valor total financiado caiu 10,9%, passando de R$ 1,64 bilhão para R$ 1,46 bilhão no estado. O resultado também foi de queda no cenário nacional no comparativo entre os semestres.
Apesar da queda no semestre, a Abecip projeta que o crédito imobiliário deve fechar o ano com o segundo melhor resultado da história, atrás apenas do ano passado. A expectativa é que seja financiado um total de R$ 244 bilhões em todo o país.
Resultado após ano histórico
Os resultados de queda vêm após um ano que a Abecip define como histórico. O crédito imobiliário encerrou 2021 com R$ 251 bilhões em concessões, um número 46% maior do que o registrado em 2020.
Considerando apenas os financiamentos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) a alta no volume de concessões é ainda maior, de 66% entre 2020 e 2021.
Mesmo com a queda no comparativo entre semestre devido à base de comparação alta do ano anterior, presidente da Abecip, José Ramos Rocha Neto, é otimista com relação ao fechamento deste ano.
Para ele, o aumento da Selic não deve ter impacto muito significativo, visto que os juros de financiamento imobiliário têm subido em menor velocidade que a taxa básica de juros.
A taxa do financiamento imobiliário não dá para prever. Pode eventualmente ter pequenos ajustes, em um extremo pode até bater dois dígitos. Já tivemos dois dígitos no financiamento imobiliário há não muito tempo e não por isso deixamos de ter investimentos pujantes”.
Segundo ele, o Ceará deve seguir a mesma tendência do país, onde é esperado o segundo maior resultado da história.
“O Ceará é um estado que a gente vem percebendo uma participação muito ativa do setor de construção civil. Quando o setor da construção civil está aquecido é importante para a economia”, reforça.
Imóveis novos
No comparativo dos semestres, enquanto houve queda no financiamento de imóveis usados, ocorreu uma ligeira alta de 5% nos novos. José Ramos Rocha Neto relaciona o fenômeno ao momento atual de taxa de juros.
Como o recebimento das chaves demora mais no caso do imóvel novo, as condições atuais de juros são menos consideradas.
“O imóvel novo tem menos correlação com o macro de economia. No usado, o mutuário pode postergar a decisão de financiar por conta dos juros”, diz.
Espelho desse cenário, houve aumento de 16% nos financiamentos feitos por incorporadoras, com aumento no volume de R$ 17,4 bilhões no ano passado para R$ 20,2 bilhões entre primeiro semestre do ano passado e agora.
“É um setor com um ciclo longo. Com estoque baixo, mesmo a taxa de juros alta cabe no retorno do negócio”, explica.