As vendas do varejo para o Dia das Mães no Ceará surpreenderam positivamente e recuperaram parte das perdas com a pandemia. Apesar das restrições de horários e medidas de isolamento, o faturamento do setor avançou 79,5% em comparação a igual período do ano passado.
Os dados são do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). O crescimento do varejo cearense foi o terceiro maior do País, atrás somente de Pernambuco (98,2%) e da Paraíba (104,7%). Ao todo, o Nordeste alcançou uma alta de 74%, enquanto a média nacional cresceu 45,6%.
Variação do faturamento nos Estados:
- Paraíba - 104,7%
- Pernambuco - 98,2%
- Ceará - 79,5%
- São Paulo - 68,6%
- Pará - 58,9%
- Distrito Federal - 56,5%
- Bahia - 55,8%
- Goiás - 39,5%
- Rio de Janeiro - 37,8%
- Rio Grande do Sul - 36,7%
- Minas Gerais - 35,2%
- Santa Catarina - 27,7%
O head de inteligência da Cielo, Pedro Lippi, explica que as expressivas variações, tanto do Ceará como do restante do País, se devem à baixa base de comparação devido às perdas registradas no ano passado, quando o nível de restrições à economia estava mais alto.
“Se voltarmos a esse período no ano passado, estava tudo fechado. O Dia das mães em 2020 foi de uma queda gigantesca. Então, temos uma base bem menor, o que resulta nesse aumento tão grande. Por mais que varejo ainda não esteja no seu potencial total, algumas regiões ainda estão com restrição de deslocamento e horário de funcionamento reduzido, ainda assim está mais aberto do que no ano passado”, explica.
Ele lembra que, em 2020 o varejo brasileiro registou uma queda de 26% em relação a 2019 no Dia das Mães, retração que chegou a quase 31% no Nordeste.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola, destaca que o resultado foi dentro do esperado pelo setor com as limitações vigentes, embora ainda menor que em 2019, tanto em quantidade de consumidores que foram às compras quanto em vendas.
Maior adaptação
Apesar de maiores restrições no orçamento familiar, evidenciadas pelo maior desemprego e pela redução do valor do auxílio emergencial, Lippi ressalta que o melhor desempenho do setor também se deve à maior adaptação à pandemia, com adesão ao e-commerce e demais alternativas para as vendas.
“Apesar de ter essa possibilidade do poder de compra maior, de fato, grande parte das lojas estava fechada. O e-commerce cresceu ao longo do ano. O Dia das Mães foi bem próximo do ponto mais alto da pandemia. Pelo menos 20% dos varejistas estavam fechados. Independente de ter o dinheiro, não tinha onde ir para comprar”, pontua.
Preferência do consumidor
Ainda conforme monitoramento da Cielo, os cearenses apostaram em itens de ótica e joalherias para presentear no Dia das Mães, resultando em um salto de 669,3% no faturamento do segmento em relação ao ano passado. Logo atrás, aparecem os produtos de vestuário, com alta de 646,9%.
Apesar do histórico de preferência por roupas e calçados, o head de inteligência da Cielo esclarece que os números não indicam uma mudança de comportamento do consumidor, mas está novamente relacionado à baixa base de comparação.
“O setor de óticas foi mais prejudicado que o de vestuário. Hoje, com os shoppings funcionando, elas, de fato, conseguiram capturar vendas que não aconteceram ano passado”, afirma.
Segmentos beneficiados:
- Óticas e joalherias 669,3%
- Vestuário 646,%
- Livrarias, papelarias e afins 343,1%
- Móveis e eletros 187,8%
- Cosméticos e higiene pessoal 61,3%
- Outros setores 37,5%
Lippi ainda destaca a alta dos chamados setores presenteáveis (262%) em comparação com o restante do varejo, que registrou alta de 37,5% no período, demonstrando que as vendas durante a semana passada se concentraram no Dia das Mães.
"O nosso último índice mensal, referente a março, mostra que o pior da crise já ficou para trás, mas ainda seguimos abaixo do que antes da pandemia. É uma mensagem positiva, estamos melhorando, mas ainda abaixo do potencial total", conclui.
Restrições de funcionamento
Filizola ainda defende que, com a manutenção dos indicadores sanitários em estabilidade, o processo de flexibilização das medidas de isolamento no Estado avance na próxima semana e o horário de funcionamento do comércio seja ampliado.
"Com nossas responsabilidades, cuidados com colaboradores e clientes, queremos ampliar nossa atuação, ir voltando a normalidade. Não estamos pedindo nada que nos traga medo. Enviamos proposta semana passada ao Governo e estamos aguardando resposta", diz Filizola.