Em um ano marcado por altas e baixas dos combustíveis, a política de paridade internacional de preços da Petrobras (PPI) foi diversas vezes colocada em pauta por especialistas e governantes. Para Pedro Parente, ex-presidente da empresa e criador da medida, o próximo governo deve definir o papel da empresa.
Ele considera que, independentemente da decisão de privatizar ou fechar capital, a Petrobras precisa sair da posição de indefinição que se encontra no momento, dividida entre mercado e interesses do governo.
Atualmente sócio fundador da gestora de investimentos EB Capital, o ex-presidente da estatal discutiu a política de preços da Petrobras e temas como hidrogênio verde em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste na quarta-feira (7).
Definição do papel da Petrobras
Pedro Parente avalia que a Petrobras precisa sair da situação de sociedade de economia mista, como se encontra no momento. Ele pontua que apesar de hoje a maioria dos acionistas da estatal serem investidores privados, ainda há decisões tomadas em prol de interesses do governo.
"Se ela [Petrobras] quer ter essa liberdade como tem com os Correios e Caixa Econômica, ela deveria pensar em fechar o capital da empresa", avalia.
Se ela quer pensar em um outro tipo de alternativa para lidar com isso, deve fazer o que se fez com a Eletrobras, que é aumentar o capital da empresa vendendo todo esse aumento de capital para o setor privado, fazendo com que a empresa tenha maioria privada, portanto as decisões não serão tomadas de acordo com as políticas do governo.
E completou: "O que não pode realmente é ela ser uma sociedade de economia mista com o controle decisório nas mãos do governo, mas com acionistas privados"
Momento econômico atípico
O ex-presidente da Petrobras reconhece que o momento econômico atual é atípico, com diversos fatores que fizeram com que o preço dos combustíveis se tornasse mais suscetível a alterações do mercado.
Para Pedro Prente, a política de preços da Petrobras deve levar em conta os atuais acionistas da empresa e os brasileiros.
“A Petrobras, qualquer que seja a providência adotada em relação a ela, não pode esquecer esses fatores fundamentais: a existência da maioria do capital da empresa ser da propriedade de investidores privados e o fato de que os brasileiros têm a Petrobras como uma empresa do coração, que têm muito orgulho do que é feito na Petrobras até hoje”, defende.