Energia: fornecimento garantido no feriado

O governo definiu ações de segurança do atendimento em caso de problemas com energia durante o Carnaval

Brasília. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse ontem (12) que o governo não tem nenhuma preocupação com o fornecimento de energia durante as festas de Carnaval e que o sistema está "dentro do padrão de outros grandes eventos". Não há, portanto, nenhuma recomendação adicional.

Após reunião com representantes das distribuidoras de energia e membros do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Braga disse que haverá plantões nas empresas e nesses órgãos para que eventuais intercorrências climáticas, como raios, possam ser resolvidas com rapidez.

Chuvas

"Há uma expectativa de chuva para o feriado, o que é bom. Se chover em dia de baixa carga, a gente poupa água dos reservatórios, que estão se recuperando em áreas estratégicas", afirmou. "Até o fim de fevereiro, a expectativa é que a chuva fique na média histórica para o mês", completou o ministro.

Reservatórios beneficiados

Braga afirmou que não há preocupações com o atendimento no horário de pico (das 14h às 18h) e que é possível ter uma redução do consumo durante o período de festas. Caso se confirme a expectativa de queda da demanda por energia durante o Carnaval, é possível que as festas acabem colaborando para a recuperação de alguns reservatórios, avalia o ministro, reforçando a previsão de chuva para o período.

De acordo com Braga, apesar de alguns reservatórios ainda não terem se beneficiado das chuvas, a expectativa é de melhora da situação ao longo do mês. "Já há, pelo menos em fevereiro, uma melhora bastante razoável. Até o final do mês, a expectativa é que chova na média histórica, o que, diante do que aconteceu em novembro, dezembro e janeiro. Já é uma melhoria", enfatizou o ministro.

Operação especial

Na reunião de ontem, foram definidas ações de segurança do atendimento em eventuais problemas de falta de energia elétrica durante o Carnaval. Está prevista a mobilização de equipes de plantão e monitoramento das condições atmosféricas para identificar locais com maior probabilidade de vendavais, chuvas fortes ou incidência de descargas atmosféricas.

A operação especial de Carnaval do setor elétrico começa nesta sexta-feira às 18 horas irá até as 6 horas da quarta-feira, dia 18. As ações serão semelhantes às já adotadas em outros eventos, como as eleições, o réveillon e a Copa do Mundo. "O carnaval é uma grande festa, mas todas as outras atividades do País praticamente param em função dele. Portanto, não temos um aumento de carga. O que pode acontecer é algum incidente. Precisamos estar prontos", disse Braga.

Racionamento pode reduzir PIB

São Paulo. A seca prolongada no Brasil torna cada vez mais provável alguma medida de racionamento de energia, que pode tirar de 0,5 a 1,0 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, segundo a consultoria britânica Capital Economics. Mesmo assim, a empresa diz que vai esperar para rever sua estimativa para o desempenho do PIB este ano, ainda em alta de 0,5%, bem acima do mostrado pela pesquisa Focus, na qual as perspectivas para o avanço do PIB recuaram para zero.

"É desnecessário dizer que vamos monitorar atentamente os níveis dos reservatórios nas próximas semanas. Se e quando os detalhes de um programa de racionamento de energia forem anunciados, nós vamos revisar nossas previsões", diz o relatório, assinado pelo economista-chefe para mercados emergentes, Neil Shearing. Ele diz que estudos mostram que o apagão de 2001 teve um impacto de 0,5 a 1,0 pp no PIB e que há uma forte correlação entre o consumo de energia e o crescimento da economia.

O relatório da consultoria reforça, contudo, diz que qualquer tentativa de mensurar o impacto de um racionamento no PIB é difícil, já que não se sabe o tamanho, prazo e abrangência da restrição na oferta.

Consumo já encolheu 6,1% em fevereiro

São Paulo. O fraco ritmo da economia brasileira e a expressiva elevação no preço da energia desde o ano passado já começam a se refletir nos indicadores do setor elétrico. Dados preliminares divulgados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apontam queda de 6,1% no consumo de energia nos dez primeiros dias de fevereiro, na comparação com o mesmo período do ano passado. A geração encolheu 6,2% na mesma base comparativa.

A redução das temperaturas contribuiu para diminuir o consumo, que atingiu 61.147 MW médios no início do mês. O levantamento semanal, contudo, mostra também uma importante redução da demanda por energia no mercado livre, segmento no qual se encontram grandes consumidores, como as indústrias.