Dentro da estratégia de investir R$ 4,8 bilhões até 2026 em obras de infraestrutura de eletricidade, a Enel Distribuição Ceará pretende realizar melhorias no serviço prestado pela companhia. Segundo o presidente da empresa, José Nunes, a empresa quer formar 3,1 mil eletricistas por ano, com destaque para a capacitação de mulheres, e trocar terceirizados por funcionários próprios.
As declarações foram dadas por José Nunes em entrevista para a Verdinha FM 92,5 durante o XII Seminário de Gestores Públicos — Prefeitos Ceará 2024, realizado entre a segunda (17) e a terça-feira (18) no Centro de Eventos do Ceará.
"O eletricista que trabalha em redes elétricas não é uma formação disponível no mercado. Estruturamos três centros de formação e treinamento, em parceria com a Fiec e com o Senai, com capacidade de formar 3,1 mil eletricistas por ano. Esse número será suficiente para as atividades da Enel, que estão sendo de alguma forma internalizadas novamente", afirmou o presidente da Enel Ceará.
Atualização: No fim da tarde desta quarta-feira (19), a Enel Distribuição Ceará enviou nota esclarecendo que "os centros de treinamento do Senai voltados para redes de distribuição no Estado e que contaram com investimentos da companhia têm capacidade para atender cerca de 3.100 eletricistas. A distribuidora promove anualmente cursos de reciclagem para eletricistas próprios, além de oficinas para formação de novos profissionais nestes centros".
O presidente da Enel Ceará mencionou que a companhia tem atuado para se aproximar de instituições de classe e do cliente pessoa física, além de criar núcleos de trabalho conjuntos para resolver gargalos e apontam melhorias. Toda essa atividade é embasada no que José Nunes chama de "programa de investimentos".
Tenho ido às instituições de classe e às lojas de atendimento, onde está o consumidor mais simples. Após a aproximação, temos criado núcleos de trabalho conjuntos com essas instituições para buscar essa aproximação e a agilidade na entrega. Tudo isso, se não tiver por trás o suporte de um programa de investimentos, não chegará muito longe. Estamos suportados por um programa que, nos próximos três anos, deve ser aproximado em R$ 5 bilhões.
O montante a ser investido "tem como foco a melhoria da qualidade do fornecimento, a modernização do sistema elétrico, além de novas contratações" até 2026, afirmou José Nunes . A concessão da empresa é válida atualmente até 2028.
"A companha reforça que investiu, nos últimos seis anos, R$ 6,7 bilhões, principalmente em expansão da rede, conexão de novos clientes, novas tecnologias, adequação da infraestrutura e construção de novas subestações", completa a concessionária.
Eletricistas mulheres em capacitação
Um dos pontos de melhoria adotados pela Enel Ceará após críticas frequentes foi a gradativa substituição da mão de obra que atua em nome da empresa. José Nunes reforça que a maioria do público que trabalha para a companhia é terceirizado, situação que deve começar a mudar com o passar do tempo com o intuito de oferecer maior qualidade para os consumidores.
Temos quase 10,8 mil colaboradores terceirizados e pouco mais de 1 mil próprios. Começamos a rever estrategicamente algumas atividades. Uma delas é aquele atendimento emergencial. Quando falta energia que o consumidor entra em um canal digital ou faz uma ligação, chega um eletricista para atendê-lo, e esse eletricista passa a ser 100% colaborador da Enel. Ele terá uma formação e uma experiência mais robusta.
Outra questão destacada pelo presidente da concessionária é de que as turmas de capacitação formaram mulheres eletricistas, algo incomum no mercado cearense. De acordo com José Nunes, é uma "quebra de paradigma com resultados animadores" e importantes para ampliar o profissionalismo feminino.
"Quando a gente chama um eletricista, mesmo que seja residencial, geralmente não se espera que seja uma mulher. Estamos falando também de eletricista de rede. O padrão como se trabalha nas redes elétricas mudou nos últimos anos. Hoje o eletricista trabalha em uma plataforma onde ele tem o controle, se coloca na altura da rede, não tem mais aquele esforço físico que tinha no passado, que isso de certa forma fazia com que a atividade fosse muito masculinizada", comenta.