Em meio à tormenta de uma crise reputacional e à ameça de perder a concessão, a Enel Ceará desenhou um plano emergencial para melhorar a prestação do serviço para a população cearense. As medidas serão distribuídas em três etapas e já começaram a ser adotadas, totalizando investimentos de R$ 4,8 bilhões, segundo o diretor-presidente da Enel Ceará, José Nunes.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, nessa quinta-feira (25), a promessa do executivo foi de que os consumidores já começarão a perceber as mudanças a partir de junho deste ano. “Teremos três momentos. O primeiro será de maior empatia e proximidade, uma percepção buscada no curto prazo”, disse.
“A partir disso, estamos iniciando uma fase no atendimento emergencial, com profissionais próprios, bem capacitados e um suporte de equipamentos recém-adquiridos”, afirmou. A entrevista foi concedida um dia após a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) para investigar a companhia.
A Enel Ceará enfrenta a pressão da população em razão da má qualidade do serviço prestado, como o atraso e a interrupção do fornecimento de energia elétrica, sobretudo em bairros com populações de menor poder aquisitivo.
Abaixo, veja os três eixos listados pela Enel Ceará.
'Empatia' por parte da empresa
Um dos pontos de melhoria, segundo Nunes, é aperfeiçoar a escuta dos profissionais para haver mais resolutividade nas demandas levadas pelos consumidores. Ele explica como isso seria na prática.
“Empatia é, essencialmente, se colocar no lugar do cliente. É quando você chegar e falar no balcão de loja ou no [telefone de n.º] 0800 sobre o seu problema, aquela pessoa que está escutando sentir um pouquinho da sua dor”, afirmou, destacando ser uma medida já implementada.
Nessa etapa, portanto, ocorre uma mobilização com os trabalhadores da distribuidora para orientar como adotar a nova conduta.
Reforço de estruturas na Capital e no Interior
Nunes afirmou que a distribuidora tem investido em pessoal próprio e veículos para viabilizar a agilidade nos atendimentos das cidades onde há maior demanda.
- Em Fortaleza, foram contratados 446 profissionais, sendo 397 operacionais e o restante de supervisão. Além disso, afirmou, 135 veículos foram alocados, sendo 111 caminhões e 24 leves;
- Em Sobral, onde o atendimento ocorria com terceirizados, haverá uma estrutura com 375 funcionários da Enel (69 de suporte e 306 operacionais) e 116 automóveis, sendo 56 caminhões com cestas aéreas e 60 picapes. O projeto está em fase final de treinamento dos profissionais e será concluído em três meses, segundo o presidente-diretor da Enel;
- Em Juazeiro do Norte, também haverá uma estrutura própria, mas ainda está em fase de dimensionamento da necessidade;
- Na Região do Vale do Jaguaribe, afirmou Nunes, existe uma demanda reprimida. Para equacionar a situação, será instalada uma subestação em Iracema, a qual atenderá sete municípios, por meio de instalação de novos bancos reguladores e equipamentos de telecontrole. Também serão construídas cerca de 25 km de novas redes elétricas. O equipamento ficará pronto em junho, segundo Nunes;
- Em Canindé, também haverá uma nova subestação, também prevista para junho.
Investimentos de R$ 4,8 bilhões
“A terceira etapa será em três anos, que são os investimentos em 2024, 2025 e 2026, totalizando R$ 1,6 bilhão por ano”, explicou Nunes. Ao todo, serão R$ 4,8 bilhões ao longo dos três anos.
Entre as ações planejadas, estão o aumento do número de podas preventivas e a modernização da rede elétrica. Por ano, a companhia afirma que irá realizar mais de 50 mil manutenções, cerca de 320 mil podas e inspeções em 90 mil pontos da rede elétrica no Estado, entre outras iniciativas.
Bastidor da entrevista
Quando a entrevista encerrou e os equipamentos da equipe de reportagem já estavam desligados, Nunes questionou à repórter se havia relatos de problemas na transmissão de energia onde ela mora. A resposta foi não. A mesma pergunta foi direcionada ao repórter fotográfico. Dessa vez, a resposta foi diferente.
O fotógrafo respondeu haver quedas de luz semanais onde mora, no bairro Cambeba, sobretudo em dias chuvosos. Nunes disse gostar de saber, conversar com os consumidores e que, em breve, problemas como esse não ocorrerão.