Moradores e empresários da região Sul do Estado relatam estar com problemas com o atendimento da Enel Distribuição Ceará nos últimos dias. Tendo que recorrer a um gerador de energia desde setembro de 2020, um estabelecimento do ramo atacadista, em Farias Brito, já soma um prejuízo de quase R$ 300 mil, enquanto aguarda a ligação de energia elétrica na empresa.
Ainda sem energia e com o rombo, os empregos dos 46 funcionários da empresa estão ameaçados, o que os levou a fazer um protesto contra a Enel.
“Desde o ano passado estamos com essa peleja, tentando uma resposta, mas nunca tivemos. A estrutura já está toda feita, mas falta a ligação da energia”, relata o empresário Waldano Alcântara.
A Enel informou, por nota, que a obra para a ligação está programada para a primeira quinzena de julho..
Sem equipes
A empreendedora Sara Iohana, de 22 anos, por exemplo, investiu na instalação de placas solares para o negócio da família com o objetivo de reduzir o consumo em até 85%.
No entanto, após quase um mês e meio de solicitação, ela ainda aguarda que a concessionária vá fazer a troca do medidor do hotel localizado em Juazeiro do Norte, operação essencial para o funcionamento da energia solar.
“A gente entrou em contato com eles para fazer a troca do medidor até porque a instalação já tá toda feita, mas não tivemos retorno. O que nos informaram é que não tem equipe para fazer o serviço”, conta.
A demora na instalação de energia tem dado prejuízo também para a família de Gilvânia da Silva que é dona de frigorífico no Crato. Para se livrarem do aluguel, investiram cerca de R$ 70 mil na construção de um prédio no bairro Seminário que já deveria estar funcionando.
No entanto, a mudança do local não é possível, pois não há energia. “A situação não tá boa, principalmente que a gente é comerciante, aí paga o banco e ainda tem que pagar aluguel, dois gastos ao mesmo tempo. E as vendas ainda tão fracas”, afirma Gilvânia.
Em nota, a Enel informou que enviou equipes técnicas aos bairros Misericórdia e Muriti, no Crato e, bairro Jardim Gonzaga, em Juazeiro do Norte, e executou as solicitações na manhã desta terça-feira (22), normalizando as situações dos clientes.
Obra atrasada
Uma empresa de calçados em construção no bairro Frei Damião também aguarda atendimento há três meses. A solicitação é a troca do sistema monofásico para um trifásico, pois o mais simples não atende à necessidade dos 20 operários que trabalham na obra.
Um dos trabalhadores reclama que os equipamentos não funcionam de forma adequada. A máquina de solda, por exemplo, não derrete os materiais. De acordo com ele, o serviço poderia estar bem mais adiantado se não fosse o problema com a energia elétrica.
O plano é que também sejam colocadas placas solares na empresa, mas, para isso, é necessária a instalação de uma estrutura metálica que deve servir de base para edificação do telhado. Porém, ainda não foi possível com a ligação monofásica, o que atrasa a obra e a geração de mais de 100 empregos.
Segundo o engenheiro eletricista Henrique Granjeiro, o serviço para instalação da energia solar já foi contratado, mas está paralisado.
“Isso acaba prejudicando o setor de energia solar como um todo e outros setores industriais, pousadas, hotéis, comércios de maneira geral”.
Em nota, a Enel informou que está fazendo a transição entre contratos de empresas parceiras na região e, para agilizar e reforçar os atendimentos, está trabalhando com equipes de outras unidades. Uma equipe foi enviada na última quarta-feira (16), mas não havia ninguém no local.
"Após nova visita, as equipes da distribuidora identificaram a necessidade de extensão de rede, que está programada para execução na segunda semana de julho", informou.