A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou nesta sexta-feira (30) que vai acionar a bandeira vermelha em patamar 1 no mês de maio. Com isso, haverá um acréscimo de R$ 4,169 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) consumidos nas contas de energia.
A falta de chuva no País e o baixo nível dos reservatórios hidrelétricos impulsionou a decisão da Aneel, conforme explica Luís Carlos Queiroz, presidente do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia/CE).
“A quadra chuvosa do ano passado foi muita baixa, o que reduziu a capacidade de reservatórios. Por isso, preventivamente, as usinas termelétricas são acionadas, o que ocasiona no aumento da tarifa e o reajuste das contas, pois essa é uma energia mais suja e também mais cara", detalha.
Para Queiroz, a expectativa do crescimento do mercado, com o início da vacinação e a retomada da economia, também gerou essa precaução pelo órgão. Com maior produção, maior o consumo de energia elétrica.
Capacidade de reservatórios
A atual capacidade dos reservatórios preocupa especialistas. Um dos principais do País, o subsistema do Sudeste e Centro Oeste, está com 34,8% da capacidade, de acordo com a última atualização nessa quinta-feira (29) do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Já no subsistema do Nordeste, o reservatório comporta atualmente 66,84% da capacidade total.
O presidente do Sindienergia projeta que, com a tarifa acionada, serão feitos novos reajustes pesados na conta de energia. No último dia 22, a Aneel aprovou aumento de 7,55% nas cobranças de consumidores residenciais da Enel Ceará, valor já bem acima da inflação. O reajuste médio será de 8,95%.
“Ainda estamos em maio e a bandeira vermelha já foi acionada, com certeza, terá um reajuste com valor bem expressivo em 2022".
Mudanças suspensas
Por conta da pandemia, entre os meses de maio e novembro de 2020, a agência decidiu suspender temporariamente o acionamento das bandeiras de alerta para minimizar os gastos de consumidores diante da crise econômica.
Em dezembro, foi acionada a bandeira vermelha 2, com custo de R$ 6,243 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.
Com isso, a compensação veio no início deste ano. Já em janeiro, a Aneel acionou a bandeira amarela e manteve a decisão até o mês de abril. O que levou uma cobrança de taxa adicional de R$ 1,343 para cada 100 quilowatts-hora consumidos (kWh) nas contas de energia.
Entenda o sistema de bandeiras
Em 2015, a Aneel instituiu o sistema de bandeiras tarifárias como uma forma de compartilhar com os consumidores as condições e custos de geração de energia no País. Quando a produção nas usinas hidrelétricas está favorável, é acionada a bandeira verde e não há custos adicionais, o que deixa a conta mais barata.
No entanto, quando as condições não estão favoráveis, a agência pode acionar as bandeiras, amarela, vermelha em patamares 1 ou 2. Cada uma adiciona uma tarifa na conta de energia na tentativa de sinalizar para o consumidor os cuidados com relação ao consumo.