Condomínios logísticos no Ceará devem crescer 62% até 2025: 'Expansão robusta é especulativa'

Gigantes do setor de compras e entregas ocupam maior estoque nos galpões

Apostando no aumento da demanda das empresas de compras e entregas, o setor de galpões e condomínios logísticos no Ceará deve passar por forte crescimento até o fim de 2025. A estimativa é que os empreendimentos tenham crescimento de 62% no estoque e cheguem a 696.331 m², segundo análise de mercado da Siila, consultora imobiliária.

O Ceará tem três novas áreas logísticas em desenvolvimento, que vão somar 267.725 m² aos 428.606 m² já existentes. O monitoramento prevê a chegada do Log Fortaleza III, expansão de empreendimento já existente, do BWDiase Business Park Fortaleza e do Aurum 100. 

Giancarlo Nicastro, CEO da Siila, afirma que a expansão robusta é especulativa, já que ainda não há negociação do aumento do espaço utilizado pelas empresas já ocupantes ou a chegada de novos clientes.

"A cada 12 meses, o setor entregava mais ou menos 50 mil metros quadrados de novos equipamentos. Agora estamos falando que, em 18 meses, vão entregar mais de 267 mil m². Então temos um pouco de preocupação em relação à agressividade do mercado de desenvolvimento", explica. 

O executivo aponta que uma das empresas que poderia aumentar o estoque ocupado no Ceará é a gigante de compras Shopee, que locou espaços logísticos no Ceará pela primeira vez neste ano, com 1.320 m² ocupados. 

"O Mercado Livre, que é o maior tomador de área do Brasil, só possui no Ceará 12 mil m², uma situação muito baixa em relação aos outros mercados. Então pode ser que essas empresas estão apostando também na expansão de algumas operações que já estão atualmente", complementa. 

As empresas que concentram a maior ocupação nos galpões logísticos do Ceará são do setor de compras e entregas. Amazon, Magalu e Casas Bahia lideram a ocupação, somando 119,7 m² tomados, 27,9% do total do Estado. 

Veja as empresas que mais ocupam galpões logísticos no Ceará:

  • Amazon (Log Fortaleza II): 64,9 mil metros quadrados
  • Magalu (Log Fortaleza): 33,2 mil metros quadrados
  • Casas Bahia (Log Fortaleza): 21,6 mil metros quadrados
  • Fedex (CLF - Condomínio Logístico de Fortaleza): 15,8 mil metros quadrados
  • Assaí Atacadista (Log Fortaleza II): 13 mil metros quadrados

PREFERÊNCIA POR EMPREENDIMENTOS DE ALTO PADRÃO

As grandes multinacionais têm preferência por condomínios de alto padrão, que devem receber novos 250 m² ainda neste ano, destaca levantamento da Binswanger Brasil, consultoria multinacional do setor imobiliário.

Os empreendimentos A e A+ oferecem maior espaço de armazenamento, com vão livre de no mínimo 10 metros, e capacidade de suportar ao menos 5 toneladas por m². Para se caracterizar como de alto padrão, o galpão também deve ter sistema anti-incêndio, nivelamento de piso a laser, isolamento térmico, uma doca para cada 100 m² e outras utilidades.

Os três novos empreendimentos serão de alto padrão, o que destaca a tendência de descentralização do eixo Sudeste observada nos últimos trimestres, em que os mercados do Sul e Nordeste demonstraram um crescimento significativo, segundo a consultoria.

GALPÕES TÊM MAIOR OCUPAÇÃO NO CEARÁ

A ocupação dos condomínios logísticos do Ceará se mantém acima de 97% desde o terceiro trimestre de 2021. A baixa vacância dos empreendimentos logísticos ocorre em meio ao crescimento do estoque, o que mostra uma alta demanda do setor.

Giancarlo Nicastro afirma que o Ceará está no caminho de se tornar um dos protagonistas no mercado de condomínios e galpões logísticos. "Nem todas as regiões têm taxas de vacância tão baixas. Temos Minas Gerais com 8%, Pará com 16%, Distrito Federal com 7%. A Bahia é um mercado maior, com 700 m², mas tem 19% de taxa de vacância", afirma.

Esse diferencial do Estado pode ser um estímulo às empresas de instalação dos empreendimentos logísticos. Nos últimos três anos, o estoque total de condomínios e galpões no Ceará cresceu 275.578 m². O rápido desenvolvimento acompanha o crescimento do setor em todo o Brasil, influenciado pela pandemia de Covid-19. 

Com a projeção de um crescimento semelhante em um período menor, o mercado precisa sentir se as empresas têm potencial de crescer sua operação nesse patamar, ressalta o CEO da Siila. 

"Precisaria de um aumento real no consumo. Porque se a população consome mais, vai estocar mais material, vai precisar distribuir mais e assim por diante. E não é algo que a gente está vendo no cenário atual", pondera. 

SETOR INDUSTRIAL PODE AUMENTAR DEMANDA

Uma das oportunidades de aumento da ocupação dos empreendimentos logísticos é a retomada da procura pelo setor industrial, segundo dados da Binswanger Brasil. O fenômeno já vem ocorrendo em outros estados do Nordeste.

Em Pernambuco, o grupo Federal Energia anunciou investimentos de R$ 150 milhões para construção de condomínio logístico de 90 mil metros quadrados. Na Bahia, a chegada da montadora BYD deve estimular a procura.

Para o Ceará, a expectativa é que a implantação da refinaria da Noxis Energy no Complexo do Pecém impulsione a demanda por espaços logísticos, destaca a análise da consultoria. 

"Em 2016, indústrias de bens de consumo eram as principais ocupantes dos galpões no Nordeste. No ano passado, os empreendimentos se destinavam, principalmente, a transporte e logística. O crescimento do comércio eletrônico, impulsionado pela pandemia de Covid-19, explica parte da mudança observada desde 2020, mas pesou também a queda da participação da indústria na economia da região", destaca a análise.

O Nordeste concentra 12,45% do estoque nacional de galpões. O número cresceu significativamente em relação a 2016, quando a representação da região se limitava a 0,41%. A região deve continuar a crescer, mas ainda enfrenta desafios em relação à infraestrutura de transporte e logística, aponta a consultoria.